Palmito de pupunha vira opção de rentabilidade

O palmito de pupunha está se tornado mais uma opção para os pequenos agricultores do litoral do Estado. A planta é original da Amazônia, mas conseguiu se adaptar bem ao clima da região. Ela representa dezenas de vantagens tanto para o produtor quanto para a natureza. Pode ser cortada a cada dois anos, enquanto outras espécies demoram o dobro. Além disso, o seu cultivo ajuda a preservar o palmito jussara, natural das matas paranaenses.

Segundo Sebastião Bellettini, engenheiro agrônomo da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Paraná (Emater) a atividade cresce em média 20% ao ano. Hoje, o órgão presta assistência a mais de novecentos produtores. Muitos deles estão até deixando de lado culturas tradicionais como a banana.

Antônio Frisoli, 69 anos, trabalha em parceria com a Embrapa Florestas com sede em Colombo. Há dois anos, ele plantou 4 mil pés de pupunha em um hectare. Desse total, ele vendeu 2,5 mil e outra parte vai ser estudada pela Embrapa, que entre vários projetos pesquisa sobre os meios de produção da planta. O preço de cada pé variou entre R$ 1,40 e R$ 2. “Deu para lucrar”, fala Frisoli, que tem na piscicultura a sua principal fonte de renda. Mas Sebastião comenta que o ideal é que o produtor plante pelo menos 15 mil pés e faça a colheita de 2 mil por mês. Sabe-se que cada planta pode continuar frutificando por pelo menos 25 anos, outras precisam ser replantadas a cada corte.

O engenheiro florestal da Embrapa, Edinelson Neves, explica que daqui a alguns dias eles vão realizar o corte do restante da pupunha produzida por Frisoli. Vão analisar diversos itens. Entre eles, qual é o melhor espaçamento entre as plantas, altura de corte, quantidade de adubo e controle de pragas. Mais sete produtores trabalham em parceria com o órgão de pesquisa. “Mas já dá para dizer que a atividade é rentável”, adianta Edinelson.

O engenheiro explica que o cultivo do palmito de pupunha é relativamente simples. No primeiro ano é preciso ter cuidado com as ervas daninhas e adubação. Se houver geada pode-se perder boa parte dos pés recém-plantados. Quando os pés estão adultos a geada não faz grandes estragos. Posteriormente, o agricultor vai ter que realizar a adubação duas vezes por ano e a cada dois a colheita. Com a adubação são gastos, em média, R$ 2 mil anualmente.

Ponta Grossa

Outra pesquisa que deve ajudar a aumentar a lucratividade dos agricultores está sendo dirigida pela Universidade Estadual de Ponta Grossa. O professor pesquisador, Dorivaldo da Silva Raupp, quer encontrar um meio para comercializar o palmito in natura. Hoje, a maior parte da produção vai para as fábricas que fazem a conserva e ficam com boa parte do lucro. A idéia é que o próprio agricultor beneficie a pupunha, empregando uma tecnologia simples e barata.

A pesquisa de campo começa a ser realizada em julho. Dorivaldo quer descobrir qual é o tipo de material a ser utilizado para embalar o produto. Os testes também vão apontar se é melhor vender o palmito como é colhido. O estudo também vai determinar o tempo de vida útil do material em cada uma das condições. Se a comercialização in natura for possível, os agricultores podem se reunir em cooperativas para comprar os equipamentos necessários.

Mercado se torna cada vez mais atraente

Com todos esses estudos, o mercado de pupunha começa a ficar cada vez mais atraente. Segundo o pesquisador do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Anibal Rodrigues, a atividade está em franca expansão. Um dos motivos é que o palmito cultivado e a extração responsável estão substituindo o extrativismo predatório. Além disso, o mercado vem se tornando cada vez mais exigente.

O Brasil cultiva hoje 85% do que é produzido no mundo. Grande parte é consumida aqui mesmo. No entanto, não existem dados precisos sobre a produção e o consumo. Estima-se que cada brasileiro consome entre 100 e 940 gramas de palmito por ano. Os principais mercados são São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre.

Mesmo sabendo que a atividade é rentável, começar o negócio não é tão fácil assim. Anibal estima que para cada hectare instalado, são gastos cerca de R$ 4,5 mil. O agricultor precisa ter condições de arcar com esse investimento e de esperar dois anos até que os primeiros cortes possam ser realizados. A compra de mudas é o que mais encarece a implantação da atividade. Cada uma custa R$ 0,70. Se forem plantados 10 mil, o agricultor precisa desembolsar R$ 7 mil. Mas a Embrapa realiza uma pesquisa que futuramente pode baixar esse preço, selecionando pró-genes para produção de mudas no Estado. Hoje as sementes vêm do Peru e da Amazônia.

Na região Norte do Estado, a Universidade Estadual de Maringá também desenvolve pesquisas para incentivar o plantio do palmito. Um dos pontos estudados é a irrigação, já que lá chove menos do que litoral. Edinelson Neves avalia que todo esse crescimento no mercado da pupunha só está sendo possível graças ao trabalho de pesquisa.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo