Filas de pais que esperavam matricular seus filhos em colégios estaduais continuavam a ser verificadas ontem, em Curitiba. As filas para matrículas de alunos na 5.ª série do ensino fundamental e no primeiro do ensino médio tiveram início no último final de semana. Em alguns colégios, pais e responsáveis por estudantes passaram a madrugada na fila para garantir uma vaga.
Ontem, no Colégio Estadual Jayme Canet, localizado no bairro Xaxim, a fila ainda era grande. Começou a se formar no início da manhã. As matrículas foram realizadas das 9h às 14h. “Em 2003, trabalhamos com 2.400 alunos. Este ano, vamos ter entre 2.500 e 2.600”, explicou a diretora da instituição, Margareth Lenharo. “Oferecemos 160 vagas para a 5.ª série do ensino fundamental e sessenta para o 1.º ano do ensino médio. Quem quiser matricular sua filha na 6.ª, 7.ª e 8.ª séries do ensino fundamental e na 2.ª e 3.ª do médio terá que deixar o nome em uma listagem. Se alunos que já freqüentam a escola desistirem das vagas, chamaremos o pessoal de fora”.
O casal Jucirene de Almeida e Antônio Henrique chegou ao colégio às 6h30 de terça-feira. Eles ficaram cerca de três horas na fila para conseguir um atestado de vaga – que é uma garantia de vaga – ao filho de 14 anos que irá ingressar no ensino médio. Ontem, eles voltaram para efetuar a matrícula. “O governo tinha encaminhado nosso filho para outro colégio, mas queremos que ele estude no Jame Canet”, disse Antônio. “A Secretaria de Educação tinha que garantir salas de aulas para todos e deixar que as pessoas escolhessem onde querem matricular seus filhos, sem precisarem entrar em filas.”
A dona de casa Vera Lúcia dos Santos tentava uma vaga na 5.ª série do ensino fundamental para o filho de 11 anos. O garoto também tinha sido encaminhado a outro colégio, mas com a discordância dos pais. “O governo garantiu vaga a meu filho em um colégio próximo a uma favela, onde há muito vandalismo e marginalidade. Me preocupo muito e não vou deixar que ele estude lá. Ficar na fila cansa, mas quero o melhor para meu filho”, afirmou. Na terça-feira, Vera também obteve um atestado de vaga e ontem compareceu ao Jame Canet para efetuar matrícula.
Na fila desde o início da manhã, a socióloga Margareth Mattos tentava matricular o filho na 6.ª série. Mesmo sabendo que não havia vagas, ela esperou e deixou seu nome na listagem organizada pelo colégio. “Meu filho estudava em colégio particular, mas as mensalidades subiram muito e não tenho mais condições de pagar. O jeito é entrar na fila e tentar conseguir uma vaga no colégio estadual. Apesar das dificuldades, tenho esperanças de conseguir fazer matrícula no lugar onde quero.”
Secretaria
As pessoas que ficam na fila por uma vaga são aquelas que buscam transferência de escolas particulares, abandonaram os estudos ou, por preferência, não querem matricular os filhos no colégio determinado pelo governo. Segundo a chefe de departamento de infra-estrutura da Secretaria de Estado da Educação, Ana Lúcia Albuquerque Schulmann, as filas não estão sendo causadas por falta de vagas, mas porque muitas pessoas não estão querendo efetuar matriculas nos locais pré-determinados.
“Há dois anos, adotamos um processo em que os estudantes são encaminhados a colégios próximos de suas casas. A intenção é facilitar a vida dos pais e fortalecer as escolas dentro das comunidades onde elas estão localizadas”, comenta Ana Lúcia. “O lado ruim do sistema é que muitos pais não concordam em matricular seus filhos nos locais determinados pelo governo e vão atrás de transferências. Apesar de tudo, foram poucos os locais de filas, que foram bem menores do que em anos anteriores, quando os pais tinham que peregrinar de escola em escola em busca de vagas.”
Ana conta que semanalmente as escolas estão informando aos núcleos de educação e à própria Secretaria sobre a atualização de vagas. “Os pais podem se informar sobre vagas disponíveis nos núcleos, nos documentadores escolares, nos setores (que são núcleos menores) ou na própria Secretaria, através do telefone 0800-416200”.