Se ser mãe, antigamente, era padecer no paraíso, ser pai devia ser prover o tal paraíso, e fim de papo. Felizmente os tempos mudaram e a figura paterna ganhou contornos e responsabilidades bem maiores do que colocar dinheiro em casa.
E o melhor da história é que a maioria deles está adorando este novo papel, que os aproxima mais dos filhos, desde a maternidade, até a vida adulta. Não é à toa que muitos cursos para gestantes exigem a presença do pai e os instrutores garantem: “vocês estão grávidos. É responsabilidade pra vida toda!”.
Embora seja uma data comercial, o Dia dos Pais também serve para reflexão e questionamentos. Há quantas anda seu relacionamento com o filho? Você tem sido um bom pai? Qual é a linguagem de amor que seu filho entende?
Às vezes o pai enche o filho de presentes, para compensar a ausência diária provocada pelas muitas horas passadas no trabalho. Ou então, passa mais tempo com eles, mas não os abraça nem beija, nem conversa. Ou ainda, quando conversa, esquece palavras de afirmação, mas não se esquece das broncas e das cobranças.
Para a psicóloga Tereza Karan, especialista em comportamento humano, é muito importante o pai descobrir a “linguagem de amor do filho”. Saber de que forma a criança ou o adolescente (e até mesmo o adulto, porque não?) gosta de ser tratado e como se sente amado. “Isso faz toda a diferença. Cada pessoa tem uma forma de buscar amor e expressar amor”, ensina ela.
São cinco as linguagens elencadas pela Psicologia no que diz respeito ao amor: palavras de afirmação (acolhem as emoções e provocam estímulos); toque físico (expressão de amor intensa e quando não recebida provoca carência também intensa); presentes (mas o presente tem que mostrar uma verdadeira ligação emocional com o filho presenteado); qualidade de tempo (estar junto de verdade, mesmo que apenas por algumas horas) e, por fim, as ações de serviço, que podem ser desde consertar a bicicleta até acompanhar o filho ao médico ou dentista.
Não parece difícil. Se você que é pai ainda não havia pensado nisso, aproveite a dica da psicóloga e tenha mais que um feliz Dias dos Pais, seja um pai feliz todos os dias!
Horas de conversa. E só de pai para filha
Para explicar como encara a paternidade, o economista Márcio Coradassi, 38 anos, não titubeou: “É a melhor coisa que aconteceu na minha vida”. Ana Luiza, hoje com 5 anos, provocou uma revolução na vida dele e da esposa, Silvia, 33.
Com pouco mais de 2 anos de vida, Ana mostrou que não gostava de ficar o dia todo na escola e que queria ficar em casa. Foi uma correria para arranjar babá e reajustar os horários. Márcio passou a almoçar em casa e compartilhar das aulas de natação da filha, na mesma raia.
“Ela entende a linguagem da presença, quer a gente sempre junto”, explica. “Assim fica tranqüila e se sente feliz. E nós também”, garante o atleticano que compartilha da bandeira do time com a filhota, bate longos papos com ela, mesmo que seja às 6h30, horário em que Ana Luiza acorda, de segunda a segunda, sem exceção.
Curtem juntos música sertaneja e rock, inclusive Pink Floyd. Quando nasceu, passou a primeira noite dormindo no peito do pai e a partir dos 3 meses tomava banho de chuveiro no colo de Márcio. “Minha filha é tudo pra mim”, resume ele. (MC)
Separado, mas nada de ser pai só a cada 15 dias
Separado da primeira esposa há cinco anos, o dentista Marco Ubertini, 41 anos, não admitiu, em nenhum momento, se separar da filha, Giovanna, 8. Até hoje ele briga na Justiça pela guarda da menina, porque não se imagina sendo pai apenas a cada 15 dias, quando a garotinha poderia visitá-lo.
Como mora e trabalha em Campo Largo e a filha mora com a mãe em Curitiba, ele tratou de arrumar um bom colégio para a Giovanna no mu,nicípio em que vive. Três dias na semana ela fica em tempo integral na escola e nas terças e quintas, só meio período. É então que o pai vai buscá-la e passam o restante do dia juntos, conversando, estudando, brincando e passeando.
“Somos amigos. Temos respeito e carinho enorme um pelo outro”, confidencia Ubertini, que sabe muito bem que a filha gosta de contato físico e de olho no olho. “É assim que ela entende e expressa amor”, assegura.
Para demonstrar que está mesmo ligado em Giovanna, ele tem na ponta da língua respostas que muitos pais não sabem dar: “A Giovanna calça 34, gosta da cor lilás, da música que estiver mais na moda (todo mês muda), adora andar de bicicleta, jogar xadrez e passear com o cachorro no Parque Barigui”. Precisa dizer mais? (MC)