Com a proximidade do final das férias escolares, frequentemente os pais se veem em uma difícil situação. Como tornar a volta às aulas menos traumática para os filhos, que passaram dois ou três meses com rotinas completamente diferentes e até mais “liberais”? Para a mestre em Psicologia da Infância e Adolescência e professora da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), Patrícia Guillon Ribeiro, essa dúvida pode ser respondida simplesmente pelos próprios pais, de acordo com as características de cada criança.
“As crianças não são muito diferentes dos adultos. Se nós reclamamos de voltar ao trabalho depois das férias, elas também estranham a rotina ao voltar para a escola. Mas o que é importante observar é que cada uma delas tem o seu ritmo e os pais devem observá-los para definir quanto tempo elas precisam para a adaptação”, explica. Para ela, a adaptação da volta às aulas deve começar alguns dias antes do retorno efetivo à escola. “Três dias podem ser suficientes em alguns casos, mas outras crianças precisam de mais tempo, que pode ser de até uma semana”.
A psicóloga ainda alerta para a necessidade de os pais terem paciência com a criança e a incentivarem a participar de toda a programação da volta às aulas. “Alguns pais querem que a adaptação aconteça de uma hora para outra e continuam deixando a criança ficar acordada até tarde inclusive nos últimos dias de férias, mas esse processo é progressivo. Se a criança puder participar da escolha do material escolar e do uniforme, ela já vai percebendo que deve haver uma mudança em sua rotina em breve”, orienta. Outra sugestão é mostrar à criança quais são os pontos positivos de retornar à escola, como reencontrar os amigos e contar como foram as férias. A dificuldade na adaptação escolar no retorno às aulas é independente da faixa etária.
Por último, Patrícia ainda lembra que em situações de mudança de escola, a ansiedade da criança é ainda maior e, portanto, a adaptação pode ser mais complicada. “É preciso observar todos os sinais que a criança dá para perceber como está sendo a transição, apesar de as escolas incentivarem a interação entre os alunos”, comenta. Para ela, mudanças no comportamento, como estar menos ou mais falante, são fáceis de serem percebidas, o que faz com que os pais possam perceber se a transição está sendo difícil ou não, podendo recorrer à escola para pedir ajuda caso necessário.