Pais de alunos se reuniram ontem, no pátio do Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná (Cefet-PR), em Curitiba, para protestar contra a greve dos professores da entidade, deflagrada no dia 8 de julho. A paralisação, organizada pelo Sindicato dos Docentes do Cefet-PR (Sindocefet-PR), tem como objetivo pressionar o governo federal a fazer mudanças no texto da reforma da Previdência.
Para a maioria dos pais, o movimento dos professores não faz sentido e só prejudica os estudantes. “O texto da reforma já foi aprovado em primeiro turno e acreditamos que também vá ser aprovado em segundo, independente da greve dos professores”, afirma o comerciante e pai de dois alunos matriculados no Cefet, José Paulo Neto. “Exigimos o retorno imediato das aulas. Sabemos que os professores em greve não serão descontados em seus salários e que os únicos que vão sair perdendo serão os alunos. O calendário do Cefet ficará muito atrasado.”
A maior preocupação é com os alunos dos últimos anos dos cursos de engenharia, que já possuem perspectivas de emprego e estão com a data da formatura marcada, e com os alunos do terceiro ano do ensino médio, que no fim do ano devem prestar vestibular. “Se o calendário do Cefet não for regularizado, os alunos do terceiro ano não poderão prestar vestibular no fim deste ano, pois não terão concluído o ensino médio. Já os formandos de engenharia terão sua vida profissional prejudicada”, afirma José.
A publicitária Maria Elizabeth Silva, mãe de uma garota de 15 anos que está no segundo ano do ensino médio, conta que muitos alunos estão entrando em desespero. “No último sábado, minha filha teve uma crise de choro, pois não agüenta mais ficar em casa. Devido à greve e aos atrasos no calendário, ela está se sentindo perdida e sem perspectivas de futuro. Outros estudantes também estão nervosos e preocupados”, conta.
Em solidariedade ao movimento dos pais, que durante toda esta semana devem marcar presença no pátio do Cefet, alguns alunos resolveram permanecer em sala de aula, mesmo sem a presença dos professores.
Sindicato
A vice-presidente do Sindocefet-PR, Zenaide Claudino Passos, diz que entende a revolta dos pais, mas que, ao fazer greve, os professores estão pensando no próprio futuro. “Se não nos preocuparmos com nossa aposentadoria, ninguém vai se preocupar”, argumenta. “Sabemos que em uma greve muita gente sai prejudicada, mas não podemos deixar de lutar por nossos direitos.”
Segundo Zenaide, os professores decidiram em assembléia que vão voltar às aulas apenas após a votação em segundo turno da reforma. Depois disso, o texto sendo aprovado ou não, as aulas serão dadas novamente.
O diretor da unidade do Cefet-PR de Curitiba, Cion Cassiano Basso, confirma que os professores em greve não vão sofrer prejuízos salariais, já que a lei de greve do funcionalismo público não foi regulamentada, porém declara que o calendário da instituição será estendido e que todas as aulas serão repostas.
A unidade de Curitiba do Cefet-PR tem cerca de setecentos professores. Cion comenta que 60% aderiram à greve. Já o sindicato diz que 80% cruzaram os braços. Nas unidades de Ponta Grossa, Pato Branco, Medianeira, Cornélio Procópio e Campo Mourão as aulas estão ocorrendo normalmente.