Paranaenses que faziam tratamento dentário na Imbra entraram em desespero ao encontrar as portas da empresa fechadas na sexta-feira. Na última quarta, a empresa pediu falência no Tribunal de Justiça de São Paulo, declarando ser incapaz de pagar dívidas que ultrapassam R$ 221 milhões.
Em junho, a GP investimentos, que administrava a Imbra, vendeu a empresa para o Grupo Arbeit por uma quantia simbólica. O processo do pedido de falência está em trâmite na 2.ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo.
Por todo o País, 25 mil clientes que ficaram sem tratamento protestaram. Em Curitiba, mais de 40 pessoas se reuniram na unidade da empresa que fica na Avenida Sete de Setembro, centro, para buscar um meio de pedir informações. “Tiraram o site e os telefones do ar. Simplesmente fecharam as portas sem dar satisfação nenhuma aos clientes, mesmo tendo no cadastro todos os nossos contatos e endereço”, desabafa o aposentado Wilson Cabral, 65 anos.
Ele está com próteses dentárias e ia colocar os implantes na quinta-feira. O tratamento já estava pago, por exigência da empresa. “No dia 30 fui me consultar e percebi que muitos clientes já estavam sendo dispensados. Na sexta encontrei várias pessoas desesperadas na frente da empresa. O site saiu do ar na quinta às 14h, mas antes disso já tinha muita reclamação publicada”, afirma.
De acordo com ele, um vizinho da empresa comentou que viu pessoas à noite retirando equipamentos e lacrando as portas.
Pior ainda foi a situação da operadora de caixa Laurena Padilha da Silva, que teve que fazer um financiamento para pagar o tratamento. Ela já deu mil reais à empresa e pagou a primeira prestação de R$ 500 do financiamento, e teve os dentes da frente retirados. “Moramos no Jardim Paulista, em Campina Grande do Sul, e fomos a Curitiba três vezes tentar nos consultar, mas desde agosto eles só remarcavam e eu acabei não colocando nenhuma prótese”, conta.
O marido dela, Alceu Ribeiro, que é motorista de ônibus, está desesperado. Ele garante que procurou a Coordenadoria Estadual de Defesa do Consumidor (Procon) e recebeu a informação de que lá não poderia receber ajuda para pedir providências contra uma empresa que fechou as portas.
“Todos nós procuramos a Imbra por achar que era uma empresa de nome, que tinha propaganda toda hora na televisão. Tem gente que ficou pior do que nós. Encontramos uma senhora chorando porque pagou R$16 mil, arrancou todos os dentes da boca e esperava tirar os pontos para colocar os implantes quando descobriu a falência”, relata.