O grupo de teatro Luz e Fé, composto por pacientes e ex-pacientes portadores de transtornos mentais do Hospital Nossa Senhora da Luz, em Curitiba, encena hoje a peça A Paixão de Cristo nas dependências do hospital. Serão mais de 80 participantes, além da equipe multiprofissional que está dando suporte à apresentação. A montagem, realizada há 11 anos no hospital, é aberta ao público. O gestor do Hospital Dia na área de transtornos mentais da instituição, Vilso José da Silva Amora, conta que o teatro começou a ser introduzido no tratamento dos pacientes como uma atividade terapêutica. Mas, aos poucos, a tarefa foi ampliada e acabou resultando em duas peças, direcionadas para o Natal e a Paixão de Cristo. Os ensaios para a apresentação próxima da Páscoa duraram um mês.
Amora explica que o teatro traz vários benefícios para os pacientes e também àqueles que já tiveram alta do tratamento. "Aumenta a criatividade, quebra a timidez, favorece a relação interpessoal, aumenta a auto-estima e a autoconfiança. Eles passam a lidar melhor com as emoções. Além disso, levam para o cotidiano a mensagem que passam para os espectadores durante a peça", comenta. As pessoas que já tiveram alta têm outra vantagem: a reincidência no internamento é reduzida.
A peça é aberta ao público, ou seja, qualquer pessoa da comunidade pode assisti-la. Há quatros anos foi adotado esse regime, com o objetivo de acabar com o preconceito perante os portadores de transtornos mentais. "Eles mostram a habilidade que têm. A atividade deixa uma expectativa nos pacientes, que consideram a peça como uma tarefa extremamente importante. Se sentem valorizados e isso ajuda a manter o tratamento após a alta. Há um retorno muito grande por parte deles", revela Amora.
Alexandre Paulo da Silva participa há oito anos das atividades teatrais no hospital e vai interpretar Jesus na peça A Paixão de Cristo. "Antigamente eu não acreditava que conseguiria decorar muito texto. Agora é muito mais fácil, só preciso de um pouco de tempo", comenta. Antônio Carlos Nogueira da Silva será encarregado de dar vida à Pôncio Pilatos. Ele está há quatro anos no grupo de teatro e conseguiu alcançar um bom resultado. "No começo eu era muito tímido. Tive que vencer a timidez. Participar da peça é realmente gratificante, porque você se sente reconhecido pelas pessoas de fora", avalia. Eduardo Henrique Alvino da Silva, que participa há cinco anos da peça, vai fazer Tomé na apresentação de hoje. "Encenar a peça coloca uma emoção muito grande na gente. Ainda passamos mensagens importantes para quem está assistindo", afirma.
Serviço: A apresentação acontece às 14h30, no Jardim Central do Hospital Nossa Senhora da Luz, localizado na Rua Rockefeller, 1450, bairro Rebouças. Qualquer pessoa pode assistir ao espetáculo.
