Com apenas 28 leitos para um atendimento diário de aproximadamente 70 pacientes, o Hospital Universitário Regional de Maringá está com sérias dificuldades no seu pronto-atendimento. ?Recebemos gente de 29 municípios de toda a região. Nossa estrutura não suporta todos esses pacientes. Às vezes faltam macas, noutras é leito. Até mesmo respirador?, admite o diretor-médico do HU, Luiz Nery.
Ele explica que desde que o pronto-socorro e a UTI pediátrica foram inaugurados, em 2003, a situação é a mesma. Por causa da falta de leitos, os funcionários improvisaram diversas macas no corredor do pronto-atendimento, que logo passaram de paliativo para definitivo. ?Não é raro ter que acomodar pacientes que apenas precisam de soro, por exemplo, nas cadeiras que seriam destinadas às visitas?, desabafa Nery.
E a situação pode piorar: o contrato de 182 funcionários que estão trabalhando como temporários está chegando ao fim. ?São médicos, enfermeiros, técnicos e farmacêuticos. Nós não damos conta nem com eles e, se todos saírem, será impossível continuar o atendimento?, alerta Nery. O médico diz que o hospital havia solicitado 280 profissionais à Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) – responsável pela administração dos hospitais estaduais -, mas que não teve o pedido atendido por completo. ?O contrato dos temporários vai até outubro, mas conseguimos uma prorrogação até janeiro. A partir daí, não sei como será?.
Nery relata que até a situação para os profissionais também está chegando num limite. ?Está todo mundo estressado aqui. Os pacientes não entendem que a culpa pela falta de material e de leito não é de quem trabalha aqui. Muitos dos temporários nem mesmo quiseram assinar a prorrogação até o ano que vem, e alguns deles já não atendem mais?.
Recursos
Segundo assessoria de imprensa da Seti, todos os recursos para o HU são enviados para a Prefeitura de Maringá, que então são repassados ao hospital. O secretário de Saúde de Maringá, Antônio Carlos Nardi, revelou que o órgão tem apenas a responsabilidade de transferir a verba e não tem qualquer tipo de participação na administração do HU. ?Questões de pessoal, administrativas e de estrutura são de responsabilidade da secretaria?, afirma.
De acordo com Nardi, o HU recebe da Prefeitura aproximadamente R$ 580 mil todos os meses, recursos que também são provenientes do Ministério da Saúde. ?Estamos cientes do problema e o máximo que podemos fazer é pressão política para que se tome uma atitude sobre a questão de superlotação do hospital. Já realizamos reuniões com a superintendência do HU e eles nos pediram para que cedêssemos profissionais. Não podemos fazer isso por causa do nosso orçamento, mas conversamos com os municípios que são atendidos no hospital para que eles também colaborem?.
Nardi conta que a idéia é que os pacientes que são atendidos no HU voltem aos hospitais de seus municípios para aguardar uma vaga para internamento, o que ajudaria a desafogar as filas.