As reclamações no atendimento do Centro Municipal de Urgências Médicas (CMUM) da Cidade Industrial de Curitiba (CIC) não dão trégua. Nas tardes de ontem e anteontem, os pacientes que precisaram de atendimento tiveram que esperar algumas horas. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, problemas no sistema de informática da unidade e imprevistos com dois profissionais causaram o transtorno.
A dona de casa Elaine das Silva Cardoso teve que esperar horas junto com o filho de 6 anos, que está com varicela. Ela chegou às 13h de quinta na unidade e cinco horas depois ainda não tinha sido chamada pelo médico. Ela deixou o CMUM às 18h, retornou para casa e depois voltou para tentar o atendimento. A criança foi recebida pelo médico pediatra às 21h30. “Somente a triagem demorou uma hora e meia. Tinha um médico pediatra atendendo as crianças. Tinha gente que estava lá desde às 11h. O menino estava exausto, as crianças agitadas e os pais reclamando. Um médico não dava conta da demanda”, contou Elaine.
Transtornos
Em outra oportunidade recente, a dona de casa ficou quatro horas esperando no CMUM da CIC. Naquela vez foi com a filha, que hoje está com três meses de idade. A bebê estava com varicela, que passou para o irmão, levado na quinta-feira para o centro. “A criança com varicela não pode ficar perto de outras. E ele ficou”, comentou Elaine.
Na tarde de ontem, o problema no sistema de informática da unidade se repetiu e causou mais transtornos. Os pacientes ficaram irritados e teve bate-boca com funcionários. A dona de casa Fernanda Tatiane de Andrade esperou toda a tarde pelo atendimento ao filho de 11 meses que estava com febre. Até as 19h ainda não havia sido chamada para a consulta. “É difícil esperar a tarde inteira com uma criança no colo queimando de febre”, reclamou. A zeladora Fátima Aparecida Cândido Bem presenciou alguns pacientes deixando a unidade sem atendimento.
Dificuldade nas escalas
O superintendente de gestão da prefeitura e responsável pela área de urgências médicas, Matheus Chomatas, explicou que o problema no CMUM do CIC na quinta-feira foi atípico. Dois médicos tiveram que deixar de atender, um deles teve crise renal e o outro foi notificado com morte na família, e três profissionais se atrasaram para a troca de turno, causando demora nos atendimentos. Além disso, o sistema de informática da unidade deixou de funcionar. “Estive pessoalmente lá para resolver a situação”, contou.
De acordo com Chomatas, a equipe médica destinada a atender as unidades de urgência é composta por 560 profissionais, com média de nove médicos por turno. Porém, para chegar ao ideal de 10 médicos por turno em cada um dos CMUMs ainda é preciso mais 60 contratações. “Temos dificuldades de escalas em determinados períodos em algumas unidades. Mas, é um problema de mercado, precisamos de profissionais que saibam trabalhar com urgência e emergência”, afirma. Enquanto não há contratações, a prefeitura ofereceu a possibilidade de realização de hora-extra.
Gravidade
Ele ressalta que o tempo de espera para o atendimento depende do grau de urgência dos pacientes que é identificado durante a classificação de risco. Os casos mais graves são recebidos imediatamente, enquanto situações menos complexas podem demorar até quatro horas . “A recomendação é que o paciente chegue pela unidade básica. Cerca de 90% da demanda são queixas da atenção básica”, diz.
Hospitais superlotados
Não são só os CMUMs estão passando por momento complicado na cidade. Os hospitais também estão sobrecarregados, especialmente pela greve dos funcionários no Hospital Evangélico, que começou na quinta-feira. Na noite de ,ontem, faltavam vagas de leito no Hospital Cajuru e pelo menos seis casos graves aguardavam atendimento na unidade.