Doença invisível

Osso gigante e inflável ajuda na detecção de osteoporose

Não dói, mas quebra. Dessa forma, a osteoporose atinge 30% das mulheres acima de 45 anos no Brasil e 15% dos homens acima dos 50 anos.

Esperar mais de quatro horas para poder realizar um exame adequado e descobrir se possui osteoporose. Foi exatamente isso que cerca de 300 pessoas de Curitiba e região metropolitana, com idades acima dos 45 anos, decidiram fazer no fim de semana no Parque Atuba, local em que foi realizado o Tour da Saúde Óssea.

Desse total, pelo menos 90 pessoas tiveram constatada a perda de massa óssea no exame de Ultrassonometria Quantitativa do Calcâneo (USQ). E desse grupo, 30 tiveram confirmadas a doença no exame de densitometria óssea. O mais surpreendente no evento promovido pela Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (Abrasso) foi verificar entre quem passou pelos exames e teve qualquer alteração verificada a alegria de poder saber do problema e buscar tratamento, uma vez que não existe em Curitiba nenhum hospital ou clínica credenciado ao Serviço Único de Saúde (SUS) para realizar o exame.

Daniel Derevecki
Curitiba não oferece o exame.        

A comerciante Jane Shaider, 58 anos, disse que soube de que haveria o exame no parque e decidiu ir sanar suas dúvidas. Chegou às 11h ao parque e somente depois das 15h foi atendida. “Tenho uma dor que pode ser artrose, mas só descobri aqui que a osteoporose não causa dor. Por sorte, fiz os exames e soube que estou no início da doença (osteopenia), ou seja, agora é tratar”, comentou, satisfeita. Jane só lamentou o fato de residir em Colombo e não poder sair do evento com um encaminhamento para uma unidade de saúde, como ocorreu com quem mora em Curitiba, graças a um parceira com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS).  

O motorista José Oscar Pedro, 62 anos, veio acompanhar a esposa Elvira Weber Pedro, 60 anos, e acabou descobrindo que ele está no início da doença. “Nunca fiz exercícios na vida e agora vou precisar fazer, mas a médica disse que dá para reverter com mais cálcio na alimentação e vitamina D”, apontou. Apesar do diagnóstico, ele achou positivo o f ato de não ter descoberto da pior forma, ou seja, com uma fratura. “É melhor fazer o acompanhamento, que vou fazer na unidade do Santa Cândida, do que quebrar alguma coisa”.

Homens com diagnóstico positivo

O fisioterapeuta especializado em osteometabolismo Guilherme Cardenaz de Souza, que realizou todos os exames de densitometria, explicou que chamou a atenção a quantidade de homens com diagnóstico positivo. “Em relação às demais cidades que o evento percorre, Curitiba surpreendeu pelo fato de mais homens participarem e serem diagnosticados. Pegamos algumas situações graves o que mostra a necessidade de um melhor aparelhamento das unidades de saúde para descobrir a doença”, defendeu.

Segundo o fisioterapeuta, além de Curitiba não dispor do exame, os médicos da rede pública não encaminham os pacientes para a densitometria. “Em Belo Horizonte (MG), muitas pessoas atendidas na tour vieram com o encaminhamento do médico para o exame. Aqui não ocorreu, porque os médicos nem indicam isso, ou seja, a pessoa segue sem saber que pode ter a doença”, cita.

A endocrinologista do Ambulatório de Osteoporose do Hospital de Clínicas (HC) e diretora da Abrasso Paraná, Carolina Moreira Kulak, explica que enquanto para a maioria das mulheres o início da osteoporose está vinculado ao período pós-menopausa, os homens acima de 50 anos desenvolvem a doença por conta da idade. “Álcool, falta de exercícios, de c&,aacute;lcio e vitamina D contribuem para o desgaste”, revela.

A grande importância do diagnsótico precoce é que o quadro de osteopenia pode ser revertido. “Já a osteoporose pode ser reduzida em 40% com um tratamento que, por vezes, inclui a ingestão de medicamentos”, informa. De qualquer forma, pessoas de qualquer idade podem prevenir a doença com hábitos saudáveis e se expondo ao sol por pelo menos 15 minutos.

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