Ser guarda-mirim pode representar uma oportunidade única de ingresso no mercado de trabalho para adolescentes de classes baixas, aliada à continuação dos estudos. Um privilégio para poucos. Lidar com as responsabilidades no emprego e dar valor ao dinheiro recebido são algumas das lições aprendidas durante o período em que meninos e meninas ficam na Guarda Mirim.
A estudante Dayane de Souza Paredes, 16 anos, entrou no programa há dois anos. "Me interessei em entrar na Guarda pelos cursos oferecidos e pela chance de ser encaminhada ao mercado de trabalho mais cedo, experiência que hoje em dia é muito difícil. Além disso, precisava ajudar no orçamento da minha família", revela.
Ela foi encaminhada para uma empresa depois de um tempo de preparação. Após nove meses de serviço, foi contratada definitivamente. Dayane está há 11 meses nesse trabalho e exerce a função de auxiliar administrativo na área de logística. Prestou vestibular para Administração de Empresas no final de 2005 e vai fazer o curso neste ano. "Eu queria tudo isso, mas não esperava. Eu e minha família estamos muito felizes", diz.
A Guarda Mirim é um programa financiado pelas administrações municipais. Em Curitiba, porém, é mantido atualmente pelo governo do Estado. A unidade na capital foi criada em 1963 e mudou de nome diversas vezes. Os adolescentes selecionados ficam na Guarda durante o contraturno escolar. De manhã, vão para a escola; à tarde, têm atividades pedagógicas e aprendem noções de administração e saúde. Além disso, participam de um curso de formação profissional no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), durante dois anos.
Depois dessa preparação, os guardas-mirins são encaminhados para vagas de trabalho em empresas, explica a presidente do Instituto de Ação Social do Paraná (Iasp), Telma Alves de Oliveira. Os empregadores firmam um contrato de aprendiz com os jovens selecionados, assinado em carteira de trabalho e com todos os encargos sociais. A jornada de trabalho é de quatro horas e o vínculo tem duração de um ano, podendo ser renovado por mais 12 meses. "A maioria fica dois anos e precisa continuar estudando. Para a empresa é interessante mantê-los, pois ficam mais maduros. Cerca de 60% conseguem um contrato de trabalho depois", afirma.
Os interessados em participar do programa devem estar estudando, preencher um questionário socio-econômico, ter renda familiar de até três salários mínimos e passar por um teste de conhecimentos. São aceitos meninos e meninas a partir dos 14 anos. Posteriormente, quem passou por esta fase é entrevistado juntamente com a sua família. As seleções ocorrem sempre no final do ano. Na última delas, houve dois mil candidatos para 150 vagas.
Serviço: A Guarda Mirim fica na Rua Anita Garibaldi, 2395. Mais informações podem ser obtidas no telefone (41) 3252-6531.
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