As obras de dragagem e limpeza do Rio Atuba, no Bairro Alto, escancaram um péssimo hábito de parte da população. Do leito do rio, uma enorme quantidade de lixo e entulho é retirada todos os dias. Móveis, eletrodomésticos, pneus e peças de automóvel, além de sacos e garrafas plásticas, formam uma pilha de detritos que ocupa parte da Rua Mercedes Stresser.

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Morador do bairro, o operador da retroescavadeira que trabalha no local diz que já tirou de dentro do rio os mais absurdos objetos. “Já vi colchão, sofá, geladeira, tevê velha, computador… É triste. Se o pessoal tivesse um pouco mais de consciência, não haveria tantas enchentes”, lamenta Mauro, que prefere não informar o sobrenome.
A exposição da sujeira que estava acumulada no fundo do rio não inibe quem está acostumado a despejar seu lixo na água. “O pessoal passa por aquela passarela com as sacolinhas na mão e joga pra baixo”, conta Mauro, apontando para uma pequena ponte sobre o Rio Atuba, que divide os municípios de Curitiba e Pinhais.

Alagamentos

O assoreamento do rio, devido à grande quantidade de detritos e dejetos, é apontado como a principal causa de enchentes na região. Mesmo assim, moradores do bairro dizem que é raro ver o poder público trabalhando na limpeza do leito. “A última vez foi há dez anos. Depois abandonaram. Não sei se é por interesse eleitoral, mas agora estão mexendo de novo”, diz o pintor automotivo Sílvio Ricardo da Silva, que vive há 41 anos no bairro e trabalha em uma oficina às margens do Atuba.

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Segundo ele, a última vez que a água invadiu os imóveis da região foi no início de 2012. “Todas as casas aqui em volta foram atingidas. Deveriam também trocar as manilhas da rua, que são muito estreitas e quando chove muito não aguentam o volume de água”, afirma.

Além de abrir espaço para as águas do Rio Atuba, a retirada do lixo também serve como um pequeno incremento na renda dos catadores de materiais recicláveis da região. O Paraná Online encontrou um deles revirando uma das pilhas de entulho, que se afastou ao ver a aproximação da reportagem. “Eles encontram muitos pedaços de metal, que vendem para os ferros-velhos”, revela Mauro.

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