Ópera de Arame interditada por três meses

A Ópera de Arame, um dos principais cartões-postais de Curitiba, está com suas portas fechadas. Devido a problemas de corrosão na estrutura metálica de sustentação do telhado, a Prefeitura determinou ontem a interdição do local por um período de noventa dias. Construído há quase quatorze anos, dentro do Parque das Pedreiras, o teatro enfrenta problemas devido à falta de serviços de manutenção.

Segundo o secretário municipal de Obras, Nelson Leão Júnior, o espaço, que foi planejado para receber um público de cerca de 1,5 mil pessoas, já estava com sua capacidade limitada a seiscentos visitantes desde o ano passado, em razão de falhas no sistema de segurança verificadas pelo Corpo de Bombeiros.

A interdição total – oficializada pela Comissão de Segurança em Edificações e Imóveis (Cosedi) – foi estabelecida a partir de informações presentes em um laudo técnico, concluído no último dia 3, e realizado pelo engenheiro calculista responsável pelo projeto estrutural da Ópera, Jeferson Luiz Andrade. "O laudo foi solicitado pela Fundação Cultural e detectou riscos de colapso de estrutura (desabamento)", informou Nelson.

O presidente da fundação, Paulino Viapiana, revelou que, desde que foi inaugurado, há mais de dez anos, o local quase não recebeu manutenção. "Na Ópera de Arame, foram feitos apenas alguns serviços entre os anos de 1993 e 1996 e também pequenos reparos no telhado em 2003." Agora, vão ser realizadas obras na infra-estrutura, rede elétrica, cobertura, saídas de emergência e parte de segurança, como alargamento das escadas. A previsão é de que os custos sejam de cerca de R$ 2,8 milhões, e de que os trabalhos tenham início nas próximas semanas.

"Vamos solicitar ao Tribunal de Contas (TC) que libere a contratação da obra sem licitação, em caráter emergencial. Queremos que tudo esteja pronto até março de 2006, para a realização da Conferência de Biodiversidade e Biossegurança promovida pela ONU (Organização das Nações Unidas). O evento irá envolver a participação de 196 países", informa Paulino.

Na opinião de ambos, a interdição não deve comprometer o turismo na Ópera de Arame, que recebe diariamente cerca de 2,8 mil visitantes. Durante o período de obras, os turistas serão autorizados a entrar até a passarela que dá acesso ao teatro, podendo observar e bater fotos da construção. De acordo com o presidente da Fundação Cultural, também não haverá comprometimento de eventos artísticos no local. "Nenhum foi agendado para os próximos três meses", garante.

Recuperação dos espaços culturais

A recuperação da Ópera de Arame integra um amplo trabalho de levantamento e recuperação dos espaços culturais de Curitiba, desenvolvido, numa primeira fase, pela Fundação Cultural e pelo Ippuc. O diagnóstico, que inclui até levantamento fotográfico, apontou problemas em todos os 150 espaços culturais, que funcionam em 44 prédios.

Mas segundo o prefeito Beto Richa, "vamos priorizar esse trabalho (da Ópera de Arame) porque, em março, Curitiba sediará duas importantes conferências da ONU sobre meio ambiente".

De acordo com o presidente da Fundação Cultural, Paulino Viapiana, os locais comprometidos têm problemas distintos. "São desde problemas simples, como uma poltrona rasgada num cinema; problemas graves, como goteiras em salas que abrigam obras artísticas; e problemas gravíssimos, que causaram interdição de espaços, como o Cine Guarani, o Teatro Novelas Curitibanas e, agora, a Ópera de Arame", lista.

O orçamento municipal de 2005, elaborado pela gestão anterior, não previa recursos para reformas em espaços culturais. A fundação, porém, realizou reformas no Teatro do Piá, no Cine Luz, na Pedreira Paulo Leminski, no Solar do Barão, na Casa da Memória e no Memorial de Curitiba. As próximas reformas serão no Teatro Paiol e no Centro de Criatividade do Parque São Lourenço.

Na semana passada, o prefeito Beto Richa anunciou a reforma completa e o restauro do Paço Municipal, imóvel histórico da Praça Generoso Marques que já foi sede do Poder Executivo, do Poder Legislativo e que abrigou, de 1973 a 2002, o antigo Museu Paranaense.

Além disso, a Secretaria Municipal de Obras também está restaurando a antiga Capela do Colégio Santa Maria, que abrigará uma sala de concertos e que será a sede da Camerata Antiqua, e o centro de música erudita da Fundação Cultural.

Com recursos do Fundo do Desenvolvimento Urbano (FDU), obtidos junto ao governo do Estado, o Centro Cultural do Portão será revitalizado, com a reabertura do Cine Guarani. O Teatro Novelas Curitibanas será reformado e transformado num centro de excelência do teatro.

A fundação conseguiu, ainda, recursos do Ministério da Cultura para a restauração do Solar dos Guimarães, no Largo da Ordem, onde ampliará sua oferta de cursos na área musical.

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