Ônibus caro incentiva uso da bicicleta

Cada vez mais o trânsito de Curitiba fica complicado e, nos últimos tempos, os motoristas têm mais uma preocupação: o volume de bicicletas que dividem o espaço nas ruas com os automóveis. Não há números sobre quantas bicicletas rodam em Curitiba, mas o perfil dos usuários está mudando. Antes mais usada para o lazer e na prática de exercícios físicos, a bicicleta é cada vez mais vista na capital como transporte alternativo ao uso de ônibus. A tarifa do ônibus a R$ 1,70 é mais um incentivo para se ir de bicicleta ao trabalho.

O funcionário da Cicles Jaime no Passeio Público, Rafael Louri Nascimento, conta que tem aumentado o número dos que usam a bicicleta para ir ao trabalho. “No centro, o movimento é intenso principalmente na hora do almoço”, afirma. Isso reflete no volume de consertos e troca de peças: em média 25 por dia. “O pessoal está aproveitando para economizar o dinheiro da passagem. E ainda há aqueles que querem ajudar o meio ambiente”, aponta.

Nascimento também utiliza a “magrela” para ir até o Passeio Público. Ele sai todos os dias de Almirante Tamandaré (Região Metropolitana de Curitiba) e percorre quase 20 quilômetros. “Eu comecei a vir de bicicleta para fugir dos ônibus lotados. Somente quando está chovendo eu utilizo o transporte coletivo”, explica Nascimento. “E aproveito também para fazer exercícios físicos. Eu não tenho tempo para fazer isso”, comenta.

Mas a economia é a principal razão para o aumento dos ciclistas. O manobrista Rogério da Silva vai até o trabalho de bicicleta há um ano. Ele cansou de gastar dinheiro com as passagens de ônibus. “Olha o valor do vale transporte. E só aumenta”, justifica. “Pelo preço, não tem como parar de andar de bicicleta”, conclui.

Faltam ciclovias e sobram infrações

Os ciclistas não podem andar nas calçadas e nas canaletas dos ônibus, apesar de essas regras serem desrespeitadas por muitos. No centro da cidade e em muitos bairros, não há ciclovias. A única alternativa é andar na rua, ao lado dos carros, mesmo com a sensação de insegurança perante o tráfego. “As ciclovias são mais retiradas e fica complicado para o ciclista”, afirma Nascimento.

Para o representante do Conselho Estadual de Trânsito (Cetran), Marcelo Araújo, a segurança dos ciclistas é um dos pontos mais críticos. Além da atenção dos motoristas, os próprios ciclistas precisam respeitar as determinações específicas para a categoria. “Pela cultura e falta de conhecimento, eles não respeitam as leis”, explica Araújo.

Nas ruas, os usuários de bicicleta devem se portar exatamente como outros veículos. “Eles têm de respeitar semáforos, por exemplo”, cita. As recomendações para ciclistas são andar do lado direto da rua, perto do meio-fio, e seguir o fluxo dos veículos (não trafegar na contra-mão). Além disso, eles também respondem pelas infrações de trânsito. “Se ele furar o sinal, vai pagar a mesma multa do que um carro”, conta Araújo.

O problema, porém, é que não existe um registro para bicicletas e autorização para condutores. Assim, é difícil fiscalizar e punir quem comete infrações. “Pelo artigo 24 do Código Brasileiro de Trânsito (CBT), a Prefeitura Municipal é responsável por cadastrar e autorizar os veículos não motorizados, como bicicletas, carrinhos de papel, charretes, carroças”, comenta Araújo. (JC)

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