Ela lembra que teve contato com o casal de músicos Jôsy e Josimar Ferraz, fundadores da Dikaion, quando pôs uma lavadora de roupas à venda. “Eles foram avaliar a máquina e contaram sobre os objetivos da Dikaion e resolvi visitar”, recorda. Ao conhecer o local, percebeu que poderia usar o gosto por fotografar a favor da memória e da divulgação da associação. “Eles tinham pouco registro da história da Dikaion e vi que isso poderia ser útil”. De lá para cá, ela não só fotografa, mas também mantém o site da instituição (www.dikaion.org.br) e ainda produz todos os banners e demais materiais de comunicação visual.
Ela também passou a desenvolver projetos para a obtenção de recursos junto a empresas. Este ano, a notoriedade do trabalho desenvolvido na Dikaion foi contemplado pelo projeto Criança Esperança, da Rede Globo e da Unesco. “Cada parceria conquistada ou projeto aprovado tem permitido maior alcance do projeto e a melhoria da estrutura de atendimento”, reconhece.
Isso explica porque o espaço amplo que a associação ocupa atualmente contrasta com o endereço de início das atividades, a sala de estar da residência onde Jôsy e Josimar viviam. “Nós nos encantamos pela ideia de fazer a diferença e sempre tivemos consciência do poder transformador da música. É uma sensação indescritível poder dar a oportunidade a crianças e jovens, muitas vezes com as mãos calejadas pela vida dura, pegarem em instrumentos clássicos e aprenderem a tocar”, explica Jôsy.
Atenção é o pilar principal
A evolução do espaço também foi compatível ao crescimento do projeto que, atualmente, atende no contraturno escolar 209 jovens entre 3 e 15 anos de idade. Lá eles podem aprender a tocar flauta, violino, violoncelo, violão, pandeiro, teclado, participar do coral e ainda aprender jazz e futebol. Aliás, o coral do Palácio Avenida serviu de inspiração para a criação da Dikaion. “Pensamos que Piraquara também poderia ter um coral assim como Curitiba tem o do Palácio Avenida”, jusitifica Jôsy.
Mas além da educação musical, a Dikaion trabalha com valores e os problemas de cada atendido. “Atenção é o pilar do nosso trabalho. Ninguém é mais um número de cadastro na lista dos necessitados. O objetivo é transformar”, afirma Gelmini. Sem citar nomes, ela conta que uma das crianaças atendidas, por exemplo, tinha como projeto de vida “crescer para matar o pai violento e alcoólatra”.
Depois de anos de trabalho, eles não só encaminharam com sucesso o pai para um tratamento, como conseguiram reaproximar pai e filho para juntos melhorarem o espaço onde viviam. “Era uma família de cinco pessoas vivendo em duas peças, eles conseguiram ampliar e o garoto segue estudando e trabalhando”, celebra Gelmini. Como no mesmo endereço funciona a Casa de Apoio ao Surdo, a Dikaion também promove curso de Libras (Linguagem Brasileira de Sinais).
Sexta do pão
Além de promover bazares para a comunidade nos dois primeiros sábados após o quinto dia &,uacute;til do mês, a Dikaion também distribui toda sexta-feira mais de cem sacolas de pães e doces e outra de frutas e verduras para a comunidade carente. Panificadoras de Curitiba encaminham para a associação produtos descartados por estarem perto da data de vencimento. E toda sexta, filas numerosas se formam em frente à associação. “Para muitos, aquela sacola será a base do que terão para comer durante a semana. Tem gente que toda sexta percorre sete quilômetros para chegar até aqui a pé para buscar a sacola”, comenta Gelmini.
Quem quiser ajudar a instituição pode entrar em contato pelo telefone 3673-7306. A Dikaion precisa de psicólogos voluntários e também de cobertores, utensílios de cozinha e produtos de limpeza.
Marco Charneski |
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Gelmili: ninguém é mais um número de cadastro na lista de necessitados. |
Marco Charneski |
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ONG atende 209 jovens entre 3 e 15 anos de idade no contraturno escolar. |