Áreas que oferecem risco de atropelamento a crianças exigem atenção redobrada no que se refere à velocidade e à infra-estrutura adequada de trânsito, mas nem sempre a população sabe como proceder para agir por conta ou exigir do poder público as adequações necessárias. Solicitada por comunidades que pretendem se informar sobre a questão, a organização não governamental (ONG) Criança Segura disponibiliza agora ao público o guia usado num programa desenvolvido em escolas de Curitiba e São Paulo especificamente voltado para a prevenção de atropelamentos de crianças. O manual contém desde orientações sobre como a criança vê o trânsito até o perfil das principais vítimas de atropelamento.
Segundo a coordenadora da ONG em Curitiba, Alessandra Françoia, qualquer organização, grupo ou comunidade pode tomar as lições do guia e implantar as orientações dentro de sua estrutura. "Colocamos no papel passo a passo como desenvolvemos nosso trabalho para que possa ser aplicado em qualquer lugar do Brasil", afirma. Ela indica que o primeiro passo é desenvolver planejamento de trabalho participativo, onde a comunidade reúna os formadores de opinião locais para pôr as idéias em prática e contribuir para o processo de diminuição de atropelamentos em áreas de risco.
A orientação para essa mobilização é indicada no guia, bem como informações sobre a forma de desenvolver eventos mobilizadores, alertar a mídia e solicitar melhorias. Outro procedimento é conhecer a criança sob o ponto de vista da legislação de trânsito, além da forma como se comporta quando é pedestre ou no momento em que anda de bicicleta. "Trabalhamos educação com as crianças e fazemos pesquisa com a família para saber o que acham que poderia melhorar no trânsito. A partir daí, detectamos se os locais de maior risco têm problema de velocidade ou de estrutura no trânsito", diz. A falta de calçadas em vias de tráfego intenso e alta velocidade, por exemplo, é fator comprovado como dos mais perigosos aos pequenos.
Para Alessandra, evitar atropelamentos com crianças está diretamente relacionado também à noção de como elas se comportam. "A criança ainda está desenvolvendo sua habilidade para o trânsito; quase sempre não sabe julgar a distância do carro em relação a ela e muitas vezes é o motorista que não a vê, já que a estatura dela – na faixa mais atingida, entre cinco e dez anos – se situa no ponto cego do carro", explica. Nas escolas curitibanas onde foi desenvolvido o trabalho, houve redução de até 80% nos atropelamentos.
O guia é gratuito e pode ser acessado pelo site www.criancasegura.org.br ou solicitado em versão impressa pelo e-mail curitiba@criancasegura.org.br. A mensagem deve conter dados e contato do solicitante, já que a ONG pretende acompanhar os trabalhos.