Zika internacioal!

OMS declara o Zika Vírus como emergência de saúde pública

A Organização Mundial da Saúde (OMS) convocou seu comitê de cientistas pra declarar o zika vírus como uma emergência internacional para saúde pública, representando “ameaça global”. Há casos confirmados da doença em 23 países e a OMS estima que o número de registros chegue a 3 ou 4 milhões nas Américas – 1,5 milhão deles no Brasil. Os especialistas foram convocados para a reunião na segunda-feira pela diretora da OMS, Margaret Chan, criticada por organizações não governamentais (ONGs) e cientistas por não ter agido até agora para frear a doença.

“Esse vírus vai para todos os lugares e não ficará apenas nas Américas”, disse Marcos Espinal, da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). Se confirmado, o alerta exigirá que governos adotem medidas para identificar o vírus e recomendações sobre viagens poderão ser realizadas. O Brasil tenta evitar que a OMS declare alguma restrição no ano olímpico. Ontem, a presidente Dilma Rousseff fez um apelo aos membros do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), pra que mobilizem toda sua base no combate ao Aedes aegypti. “Um mosquito não pode ser e não é mais forte que um país inteiro”, disse a presidente a mais de 90 empresários, sindicalistas e representantes da sociedade civil. Segundo a presidente, o governo vai garantir “todos os recursos e equipamentos necessários” para eliminar o mosquito.

Alarmante

“Há uma proliferação explosiva”, afirmou Chan. “Estamos profundamente preocupados. O nível de alerta é extremamente alto, principalmente diante da possibilidade de uma ligação com microcefalia. A relação ainda não foi estabelecida. Mas há uma forte suspeita, e essa relação mudou o perfil de risco do zika e estão falando de proporções alarmantes”. O Brasil investiga 3.448 casos de microcefalia, dois deles no Paraná. A reunião de emergência foi convocada por quatro motivos: possível associação com microcefalia, potencial de proliferação do zika, falta de imunidade das populações e ausência da vacina. Para Chan, o fenômeno climático El Nino deve aumentar ainda mais a presença de mosquitos.

Duras críticas

Antes de convocar a reunião, a OMS estava sendo duramente criticada por repetir os mesmo erros do Ebola. Segundo cientistas, o zika vírus tem um potencial de se tornar uma pandemia “explosiva”. O alerta está sendo feito por cientistas americanos que, nesta ontem, publicam um apelo à agência da Organização das Nações Unidas (ONU) pra que não repita com o zika os mesmos erros do combate ao Ebola, doença que foi negligenciada por meses pela OMS antes de sair de controle.

“A doença hoje tem um potencial pandêmico explosivo”, indicaram os cientistas, acusando a OMS de não agir. A primeira notificação à entidade ocorreu em outubro. Mas nada foi feito e toda a gestão da doença foi deixada para a Opas. Em um documento publicado ontem no Journal of the American Medical Association, os cientistas pedem que a OMS aprendam as lições do Ebola. O temor é de que, mesmo que uma vacina esteja pronta em dois anos, sua chegada ao mercado pode levar uma década. O artigo é assinado por Daniel Lucey e Lawrence Gostin e considera que o fracasso da OMS em agir levou a milhares de mortes na África. (AE)

Relação com microcefalia

Durante o encontro, representantes brasileiros alertaram a OMS para a “forte relação” entre o zika vírus e casos de microcefalia. Dados de estudos realizados no P,aís indicam que existe uma relação de “causalidade” entre o vírus e a doença.

Agressivo

Marcos Espinal, representante da Opas, deixa claro também que sua entidade aponta na mesma direção apontada pelo Brasil. “Não podemos entrar em pânico, mas temos de ter um controle de vetor agressivo”, disse. “Algo está ocorrendo no Brasil. Não há dúvidas, e o único potencial é zika”, afirmou. “Há uma correlação entre zika e microcefalia. Precisamos mais evidências. Mas precisamos agir já pois as sugestões estão presentes”.

Controle

Lyle Petersen, representante dos Estados Unidos no encontro, alertou que os mecanismos de controle de mosquitos não estão sendo eficientes e que novos instrumentos precisam ser criados. (AE)

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