O óleo de peixe, que já é usado para diferentes fins medicinais, pode ser o caminho para reduzir as consequências dos problemas decorrentes de lesão medular. A pesquisa em curso no laboratório do Setor de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) indica que o produto ajuda a reduzir o processo inflamatório da região de forma mais efetiva, segura (não reduz a imunidade) e econômica que o corticoide, medicamento empregado na maioria dos casos.
O educador físico e pós-doutorando do Departamento de Fisiologia Ricardo Tanhoffer, que estuda as propriedades do óleo de peixe para essa finalidade, reforça que o produto não reverte a lesão, mas impede que outras células sadias, com o passar dos dias, também sejam comprometidas. “As células do sistema nervoso têm modo muito particular de agir nos dias após o trauma, fazendo com que além da perda dos movimentos das pernas e, dependendo do caso, também dos braços, muitas vezes, surjam outros problemas de saúde, como incontinência urinária, intestinal e do controle das atividades pulmonares”, explica.
Estudos
A pesquisa visa combater essas perdas adjacentes vivenciadas por muitas pessoas que sofrem lesão medular. Dados extraoficiais da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) e do Hospital Sarah Kubitschek mostram que, por ano, nove mil brasileiros são acometidos por algum trauma na medula. Tanhoffer é um dos casos. Em 1998, ficou tetraplégico por causa de acidente de carro que atingiu a medula. Desde então, cursou o mestrado e doutorado em temas relacionados à lesão medular.
Segundo ele, em dois meses devem ser iniciados os estudos com ratos para que em um ano já se possa concluir a viabilidade do óleo de peixe na redução do trauma medular. “Precisamos descobrir quando aplicar e em que dosagem”, acrescenta. Caso sejam comprovados os benefícios do óleo de peixe no tratamento de lesão medular, estima-se que em três anos venha a ser usado nos hospitais.