Obstáculos do ensino nos assentamentos

De um projeto de educação de jovens e adultos em assentamentos na região Sul do Estado, para o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária, pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) verificaram a necessidade de se pesquisar outros temas mais singulares.

?Na primeira fase de formação começamos a perceber que a questão do gênero influencia no desenvolvimento da alfabetização de jovens e adultos?, explica o tema, a autora do projeto, professora Sônia Fátima Schwendler, do Departamento de Planejamento e Administração Escolar (Deplae) da UFPR. Ela afirma que o índice de analfabetismo chega a 30% no campo, e a subescolarização é ainda maior. O novo projeto – ?A questão do gênero na alfabetização de jovens e adultos em assentamentos? -, cujo relatório final está sendo elaborado pela professora, discute o gênero como um obstáculo a ser superado.

?Primeiro verificamos que o gênero interfere no sentido de produzir o analfabetismo. Se entendia que a mulher, hoje na faixa dos 40 anos, não precisava estudar. Se for estudar vai ficar escrevendo carta para o namorado. Hoje não existe muito isso, mas acredito que permanece?, explica Sônia.

De acordo com as pesquisas levantadas no projeto, a questão do gênero interfere no processo da alfabetização tanto nos educadores quanto educandos. ?Os educadores tinham de sair muito e começaram a ter problema na família?, explica Sônia. O principal problema, de acordo com a professora, era que ?elas estariam descobrindo seus outros papéis?. Uma série de depoimentos, ao longo do trabalho, comprovam essa situação. ?Algumas mulheres contavam que as pessoas da comunidade começavam a comentar?, conta Sônia.

A pesquisadora também propõe como superar, na educação, essa barreira do gênero. ?A questão da formação deve ser mais trabalhada e a questão do gênero deve ser mais aprofundada e discutida. Isso é fundamental para se conseguir mudanças?, afirma Sônia.

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