A falta de decência na execução das obras públicas é escandalosa no Brasil. Ela produz mau gerenciamento e procedimentos que reprovariam seus administradores se houvesse filtro ético e moral neste país.

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Vamos pegar dois exemplos, um nacional e outro local: o estádio Engenhão no Rio de Janeiro e o Fórum de Curitiba, que começou a ser construído no governo José Richa e virou um pardieiro por vários anos que só foi resolvido no último governo Roberto Requião. Dois exemplos vergonhosos.

Os preços exorbitantes, coisa que todo mundo sabe, é resultado de superfaturamento destinado a produzir caixa dois, pagamento de campanhas, quando não se trata simplesmente de surrupiar o dinheiro público.

O político brasileiro tem profundo apreço por obras caras por uma razão elementar: a comissão é maior. Conforme a obra, o sujeito e amigos tiram o pé do lodo da noite para dia – ou vice versa.

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Mas, além disso, há um efeito colateral irritante – a balbúrdia e lentidão com que se faz obra pública no Brasil. A Linha Verde é exemplo clássico. Demorou, ficou cara e quando terminou irritou meio mundo, por falta de trincheiras, passarelas, com poucos retornos, sem contar problemas nos trechos ainda em obras.

As obras na Avenida das Torres produzem engarrafamentos e a reforma da Rodoferroviária inferniza a vida de quem precisa viajar, sem contar o péssimo cartão postal para quem chega na cidade.

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As obras na Avenida Fredolin Wolf demoraram três anos para ficarem prontas. Só para estabelecer uma comparação, o Japão foi devastado por um tsunami e demorou apenas dois anos para reconstruir a área atingida.

Se os japoneses fossem recrutar homens públicos ou empresas nacionais que prestam serviços para os governos no Brasil, as obras de reconstrução no país asiático ficariam prontas lá por 2084. E o mais triste é que este é um traço brasileiro.

É possível uma obra não ser superfaturada, é possível não ser tão cara, é possível ser construída com prazos menores e é possível, quando concluída, não precisar ser interditada. Mas aí o homem público de nosso país seria outro e não esse que acostumou a encher o saco do povo brasileiro. Isto ele sabe fazer. Seja de que partido for.