Obras na Ribeira isolam a cidade de Adrianópolis

Os moradores da cidade de Adrianópolis continuam sofrendo com a situação da Estrada da Ribeira (BR-476), a única ligação direta com Curitiba. Após o início das obras de pavimentação, há cerca de três anos, 54 dos 94,5 quilômetros da rodovia foram concluídos. No restante do percurso, 16 quilômetros estão sendo preparados para receber o asfalto. Nos 24 que sobram para chegar a Adrianópolis, uma das empreiteiras responsáveis pela obra está fazendo o trabalho de bueiros e drenagem da pista, procedimento anterior à terraplenagem.

E é aí que está a reclamação dos moradores da cidade que precisam se deslocar pela estrada. De acordo com Sival Barbiot, que trabalha na agência de passagens da Viação Cerro Azul, responsável pelo transporte de passageiros, alguns bueiros foram deixados abertos, o que piorou ainda mais a condição da rodovia. Quando chove, como aconteceu na sexta-feira passada, a pista fica intransitável, porque os bueiros formam grandes atoleiros. “A empresa nem precisa nos avisar sobre as condições da estrada. Se choveu, não tem condições e os ônibus não saem. O trecho crítico fica entre os quilômetros 3 e 18. É lastimável”, afirma.

Desde sexta-feira, não passa nenhum tipo de veículo neste trecho da Estrada da Ribeira. Somente na tarde de ontem um ônibus da empresa tentou fazer o percurso para verificar as condições da rodovia. “Na sexta, um ônibus nosso atolou e os passageiros precisaram dormir na estrada, pois não tinha ninguém para tirá-lo da lama. Somente no dia seguinte um trator da Prefeitura de Adrianópolis apareceu para desatolar”, conta Dorival Picolli, diretor da empresa. De acordo com ele, os prejuízos com a parte mecânica dos veículos é muito grande, já que é normal perder peças pelo caminho. “Procurei o Departamento de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit) na segunda-feira e eles ficaram de tomar providências sobre o assunto”, revela Picolli. “Antes desse problema dos bueiros, a situação era crítica, mas a gente tocava como dava. Mas agora chegou num ponto que não dá mais”, observa.

A distância entre Adrianópolis e Curitiba é de 120 quilômetros, completados em três horas de viagem. O único caminho alternativo à Estrada da Ribeira é ir pelo Estado de São Paulo, passar pela cidade de Capão Bonito e depois descer por Ponta Grossa. “A viagem dá 430 quilômetros no total, demorando 12 horas. Essa passagem custa R$ 60, contra R$ 16,80 pela Ribeira”, informa Barbiot. Cerca de 50 passageiros utilizam diariamente o transporte da Viação Cerro Azul.

O supervisor da unidade de Colombo do Dnit, Ronaldo de Almeida Jares, explica que a situação realmente é crítica por causa dos trabalhos de drenagem do local, principalmente entre os quilômetros 12 e 18. “A empreiteira faz a escavação da vala e o berço para abrigar o tubo. Depois disso, é feito o reaterro até chegar ao nível da pista. O problema é que a terra ali é argila, que vira uma pasta quando se junta à água. A empreiteira coloca saibro para amenizar os problemas, mas com a chuva, ela se mistura com o barro, virando um atoleiro”, afirma. “Infelizmente não tem como escapar disso”.

Cascalho

Segundo ele, o serviço dos bueiros deve acabar na semana que vem, quando será aplicada uma camada de cascalho em toda a extensão. “O cascalho vai conseguir dar uma aliviada na situação”, acredita o supervisor. “Com um problema recente que envolveu o Tribunal de Contas da União (TCU), acredito que haverá atraso no repasse de recursos e, conseqüentemente, na conclusão das obras (com a pavimentação completa). Talvez nesse ano ainda não acabe, ficando para o meio de 2005”, prevê Jares.

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