Os veranistas que vão passar as férias em Matinhos, no litoral do Estado, vão precisar de uma boa dose de paciência. As obras de revitalização e contenção de ressacas ainda não estão prontas e os banhistas precisam dividir lugar na areia com máquinas e trabalhadores.
Donos de restaurantes reclamam que a situação está afastando os clientes. O prefeito da cidade, Acindino Ricardo Duarte, explica que o trabalho ainda não ficou pronto porque houve demora por parte do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e de outros órgãos na liberação do projeto.
O prefeito Acindino admite que a verba foi liberada em julho, mas alega que o projeto demorou para ser aprovado. “Uns queriam as escadas e outros queriam o engordamento da praia”, disse. Venceu a proposta das escadarias e as obras começaram na metade de novembro. A data prevista para a conclusão das obras é 10 de janeiro.
Janete Tiemechi tem um restaurante bem em frente ao local onde estão sendo executadas as obras. Ela diz que o movimento perto do Natal nunca foi bom, mas agora com os buracos e pedras espalhados a situação está pior. “Não dá nem para o pessoal andar direito”, reclama.
João Costa, proprietário de outro restaurante, tem queixas parecidas. Ele afirma que a partir do dia 20 de dezembro o movimento no local já era para ser grande. Nesta época, João costumava até ter mais funcionários. “O pessoal chega, dá de cara com a bagunça e desaparece. Acaba indo para outra praia”, lamenta.
Mas há quem não reclame. Ismair Quadros, gerente de outro estabelecimento, garante que o movimento continua igual. Segundo ele, a casa atende sempre mil pessoas aos domingos e feriados. “Talvez seja pela qualidade do atendimento”, explica.
Vendas fracas desanimam ambulantes
Elizangela Wroniski
Por causa das obras, os ambulantes estavam desanimados com as vendas, mas a expectativa era de que depois do Natal as coisa melhorassem. Maria Silva sempre aproveita a temporada para faturar um pouco mais e guardar um dinheirinho na poupança. O movimento abaixo do esperado trazia preocupações. “A gente paga caro pela licença e precisa vender”, diz.
Elias de Oliveira vende algodão-doce. Ele mora em Curitiba, mas todo verão vai para o litoral. “Está fraco o movimento, o tempo com chuva também não está ajudando”, reclama. Mas ele estava apostando que depois do dia 26 ia vender mais. Claudinei dos Santos comercializa bijuterias e as suas fichas estavam apostadas no dia de Natal. “No último dia do feriado as pessoas vêm buscar lembrancinhas”, diz. Ele também estava otimista com a virada do ano.
Feriado tranqüilo nas BRs 277 e 376
A volta para Curitiba foi tranqüila durante a tarde de ontem nas BRs 376 e 277. A Polícia Rodoviária Federal previa que o horário de pico na BR-277 deveria ocorrer entre as 19h e 21h com 1.500 carros por hora. Já na BR-376 o maior fluxo de veículos foi registrado indo de Curitiba para Joinville com 1.500 carros por hora. No sentido Curitiba o movimento era normal: seiscentos veículos por hora.
Com a chuva e neblina na Serra do Mar, os motoristas tiveram que ter cuidado redobrado. Até às 17h de ontem foram registrados cinco acidentes na BR-277, sem vítimas. Segundo dados das polícias rodoviárias, entre os dias 20 e 24 de dezembro, ocorreram 452 acidentes nas rodovias estaduais e federais do Paraná, com 36 mortos e 316 feridos.
O maior movimento nas estradas deve começar a partir de hoje, quando as pessoas começam a descer para o litoral para a festa da virada do ano. Segundo a concessionária Ecovia, que administra a BR-277, entre Curitiba e Paranaguá, até o primeiro domingo de 2003 devem circular pela rodovia 310 mil veículos. Os dias de maior tráfego devem ser o sábado (28), domingo (29) e terça-feira (31). São esperados 1700 carros trafegando por hora, entre às 8h e 19h. Já na volta para Curitiba a expectativa de tráfego intenso é para 5 de janeiro, com 2.600 carros circulando por hora.
Nos dias 31 de dezembro e 1.º de janeiro, um avião contratado pela Ecovia vai sobrevoar as praias do litoral com faixas informativas sobre os horários de pico e dicas de segurança. Para facilitar as informações sobre a rodovia aos motoristas, a empresa firmou uma parceria com a Prefeitura de Matinhos para a instalação de um quiosque na praia. Nesse local, os banhistas também poderão obter dados turísticos sobre o litoral e acesso gratuito à Internet.
Uma parceria com o Corpo de Bombeiros possibilitará a utilização de um helicóptero no atendimento a vítimas de acidentes que precisem de remoção rápida.
Nos fins de semana da temporada, a empresa terá mais dois carros de inspeção na rodovia e aumentará o contingente de funcionários. Baleiros farão a venda antecipada dos cupons de pedágio. Ao todo serão 120 funcionários e 23 veículos operacionais, entre ambulâncias, carros de apoio e guinchos.
Nos quilômetros 11, 35 e 61 da BR-277, os postos do Serviço de Atendimento ao Usuário funcionam 24 horas, durante todo o ano. No local, os usuários encontram telefones, banheiros, salas de espera com café e água e, nos quilômetros 35 e 61, fraldários.
Veranistas reclamam dos transtornos na areia
Elizangela Wroniski
Os veranistas também estão incomodados. Para eles, o trabalho deveria ter sido executado antes da temporada.
Giselda de Oliveira estava sentada em uma cadeira de praia olhando o filho que brincava na água, e atrás dela uma máquina trabalhando. “Fui obrigada a mudar de lugar. A gente vem para descansar e encontra esta barulheira”, diz.
Andréa R. Giroldo Lodi, de 23 anos, ressaltou que o local apresentava risco de acidentes. “O cuidado com os pequenos precisa ser redobrado. Sempre tem máquina passando pelo meio das pessoas.”
Já Michele Pelegrini, 19, estava chateada porque o local onde havia jogado bola um dia antes, agora estava todo cheio de pedras. “Atrapalha o jogo, ontem estava tudo limpo”, diz.