Obra do mercado dói no bolso de permissionários

A reforma no Mercado Municipal de Curitiba, cuja primeira etapa será concluída na semana que vem, está custando caro para muitos permissionários. É que apesar do investimento de quase R$ 2,5 milhões por parte da Prefeitura, os comerciantes estão tendo que arcar com as despesas de seus boxes, como colocação de piso e azulejo, instalação telefônica, elétrica e hidráulica. Alguns permissionários dizem que não sabiam que teriam tantos gastos, mas a administradora do Mercado Municipal, Helena Sobania, garante que todas essas informações foram repassadas logo no início das reformas.

Sue Midzuno, proprietária da Peixaria Santa Clara ? instalada no Mercado desde a fundação, há 44 anos ?, não concorda. Segundo ela, as despesas foram inesperadas. “Falaram que iam dar tudo pronto para nós. O que todo mundo está gastando é um absurdo”, reclama. Sue estima que as despesas com o novo box ultrapassem a R$ 20 mil. Isso sem contar a câmara fria, que deve custar R$ 8 mil. “Quebraram tudo com a reforma, inclusive a câmara”, diz. Para ter um refrigerador do tamanho de seu antigo, Sue diz que gastaria cerca de R$ 12.600, por isso vai comprar um menor.

Ela conta que está preocupada se vai conseguir reaver o investimento. Durante a reforma, iniciada em junho, o movimento em seu comércio caiu quase 70%. “Nosso tipo de mercadoria é perecível e cara. As vendas caíram porque as pessoas não têm dinheiro mesmo”, aponta. Outra reclamação da permissionária é com relação ao custo do toldo para a barraca provisória. “Já pago R$ 304,00 pelo uso do solo, e agora ainda vou ter que pagar por este toldo?!”, critica. Ela também denuncia a pressão que sofre. “Se a gente não paga, ameaçam tirar a concessão do box e ainda mandam para a dívida externa.”

Aluguel alto

Para Gérson Honório Alves, dono da floricultura Flora Cristiane há 34 anos, o problema maior é a taxa de manutenção e o aluguel. Ele conta que, antes da reforma, pagava R$ 1.200 mensais por cerca de 150 metros quadrados de área. Este mês pagará mais de R$ 1.500, incluindo a taxa de manutenção, cobertura, material, mão-de-obra e aluguel, por um espaço provisório bem menor. “A Prefeitura diz que está bancando metade das despesas com as barracas provisórias mas não é verdade. Eu mesmo vou ter que pagar três parcelas de R$ 929,04”, revela. Com o novo box, Gérson está gastando ainda cerca de R$ 30 mil. “A esperança é que o movimento melhore depois da reforma.”

O investimento feito por Luiz Carlos Pavanello, proprietário da mercearia de produtos importados Casa da Azeitona, também é alto: cerca de R$ 36 mil. “Imaginava que gastaria metade disso”, diz, acrescentando que espera reaver o montante em três ou quatro anos. Segundo ele, o piso e o azulejo seriam entregues pelo próprio Mercado, mas todos os permissionários acabaram arcando com essas despesas. Mesmo com as altas despesas, os comerciantes são unânimes em uma questão: a reforma é positiva, pois o Mercado deve atrair ainda mais clientes.

Administração

A administradora do Mercado Municipal, Helena Sobania, refutou as declarações dos permissionários. “A Prefeitura não teria condições de bancar as despesas do boxe. Seria como oferecer uma casa com os móveis”, comparou Helena. Segundo ela, o Mercado tem o metro quadrado mais barato da capital: R$ 8,61. “A procura é muito grande. Todo mundo quer um espaço aqui”, diz. Para ela, as reclamações não passam de “choro” dos comerciantes. “É tudo choro, porque na realidade ninguém quer sair daqui”, aponta.

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