Um estudante de 101 anos deve ser um dos mais recentes alfabetizados do Paraná. O agricultor aposentado Sebastião Domingues de Oliveira, da cidade de Ampére, na região sudoeste do Estado, é o destaque do Programa Paraná Alfabetizado.
Ele começou a estudar há cerca de dois anos e meio e deve, já em março, iniciar uma nova fase dos estudos, que corresponde à primeira metade do ensino fundamental.
Sebastião, que nasceu em Caçador (SC), não estudou quando jovem porque, segundo ele, não havia escolas na região. ?Aprender a ler mudou muita coisa na minha vida. Antes, não sabia nem assinar meu nome e não podia fazer compras sem precisar de ajuda. Não era fácil viver assim?, conta ele, que tem 12 filhos, todos alfabetizados, além de mais de 80 netos e bisnetos. ?Hoje, só não estuda quem não quer?.
A coordenadora local do Programa em Ampére, Dilamar Savagnago, não esconde o orgulho que tem de Sebastião. ?Ele é um aluno bastante ativo, esperto e entende bem os conteúdos sem a necessidade de repetição?. Ela conta que, quando Sebastião começou a estudar, nem reconhecia as letras. ?Hoje, junta palavras simples e deve avançar bastante ainda?, diz, informando que normalmente uma pessoa demora de dois a três anos para ser alfabetizada. ?O que mostra que o senhor Sebastião está na média?.
Quem viu pela primeira vez a oportunidade de alfabetizar Sebastião foi a professora Salete Taschim, responsável pela comunidade da Linha São Paulo, onde o aposentado mora. ?Ela estava montando a turma para alfabetização e convidou o Sebastião. Ele aceitou na hora?, conta Dilamar.
O Programa Paraná Alfabetizado tem 15 turmas em Ampére, com 305 alunos. O mais novo tem 20 e o mais velho Sebastião, 101 anos. Depois de concluída a alfabetização, os alunos são encaminhados à Educação de Jovens e Adultos (EJA). São duas fases: a primeira contempla a educação da 1.ª à 4.ª séries e a segunda da 5.ª à 8.ª séries. Junto com Sebastião, 150 alunos de Ampére devem iniciar, já em março, os estudos na fase 1.
O município de Ampére tem, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 17.067 habitantes. A taxa de analfabetismo do município entre a população com mais de 60 anos é de 32,7% abaixo da média nacional, de 35,2%, mas ligeiramente acima da média do Paraná, de 31,8%.
A meta do Programa Paraná Alfabetizado é erradicar o analfabetismo no Estado até 2010. Hoje, atende 215 mil pessoas no Estado. Qualquer pessoa que conheça um jovem, adulto ou idoso analfabeto pode indicá-lo para o Programa, no telefone 0800-416200.