A guerra entre os Estados Unidos e o Iraque está saindo das páginas dos jornais e dos noticiários da TV para ganhar espaço nas salas de aula. Um exemplo é a Escola Internacional de Curitiba, onde estudantes das mais diferentes etnias -de americanos a japoneses, passando por israelenses, austríacos, libaneses, turcos, entre outros -debatem assuntos de interesse internacional, entre eles o conflito no Oriente Médio. Para grande parte dos alunos, a guerra não está tão distante. É que muitos deles têm parentes que moram em algum dos países diretamente envolvidos.

É o caso da estudante Monique Domaredzky, 13 anos, que nasceu em Salt Lake, em Utah (EUA) e veio para o Brasil aos três anos de idade. “Não me preocupo de a guerra chegar ao Brasil, porque acredito que isso não vai acontecer. Minha preocupação mesmo é com meus tios e primos que moram nos Estados Unidos”, conta a estudante. Assim como a maioria da população, sua posição é contrária à guerra. “Muitas pessoas inocentes vão morrer. É injusto”, diz. Monique conta que conversou com seus familiares na última segunda-feira, e que apesar do conflito armado, alguns acham que nada de mal vai acontecer.

Para a estudante Yara do Amaral Mayer, 12 anos, a guerra “é uma grande bobagem.” “De repente, poderiam procurar armas atômicas no Iraque em vez de já invadir”, sugere.

Mundo dividido

Para o professor de Estudos Sociais, Asheesh Misra, que nasceu nos EUA mas mora no Brasil há dois anos e meio, a forma como o presidente George W. Bush vem conduzindo os assuntos internacionais está deixando o mundo ainda mais dividido. “Depois de 11 de setembro, o mundo todo era solidário aos americanos. Agora é o oposto”, aponta. Para ele, até mesmo a segurança dos americanos estará ameaçada depois da guerra iminente contra o Iraque. “Muitas das ações da administração Bush têm buscado defender os americanos dos ataques terroristas. Mas o tiro saiu pela culatra, e os americanos podem correr ainda mais risco.”

Professor do Ensino Médio da Escola Internacional, Misra conta que essa semana está sendo diferente das demais. “Os alunos estão tristes, inconformados com o início da guerra. De acordo com ele, os alunos de origem israelense – representam 0,92% dos alunos da escola -são os poucos que torcem pela guerra. “O Iraque é uma ameaça constante para Israel”, diz, lembrando que o segundo bombardeou o primeiro na Guerra do Golfo, em 1991.

Aspecto psicológico

A psicóloga infantil Deisy Joppert alerta para a influência que as notícias de guerra exercem sobre as crianças. “A criança assiste à TV, ouve comentários dos pais a respeito, e isso vai gerando ansiedade. Quanto menor a criança, mais difícil é para ela lidar com essas notícias”, diz.

Para ela, a criança deveria ser poupada desse tipo de informação. “Os pais muitas vezes são os culpados, porque ligam a televisão na hora da janta, e as notícias são só sobre ataques de mísseis, bombardeios. Uma criança de quatro, cinco ou seis anos de idade não tem condições de assistir a isso, diferentemente de um adolescente.”

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