Um censo de aves realizado no início de junho pelo Projeto de Conservação do Papagaio-de-cara-roxa mostrou que no litoral do Paraná existem 7.493 exemplares da espécie na região. O número deixou ambientalistas animados, visto que o número se manteve praticamente estável – até cresceu – em relação à população contabilizada em 2018 (7.366 indivíduos).
O censo é anual e realizado pela equipe do projeto, com o auxílio de voluntários. Em 2019 foram cerca de 25 voluntários, entre pesquisadores, estudantes e conservacionistas. Para a realização do levantamento, a Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS) organizou uma campanha de financiamento coletivo que teve teve 40 doadores. Além deste esforço, também recebeu a contribuição do Parque das Aves, que possibilitou cobrir toda a área de distribuição da espécie no Paraná, estado que concentra cerca de 80% da população.
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Segundo a SPVS, além de ser um indicador de resultados das ações de conservação, o censo populacional é também a principal ferramenta para a obtenção de informações sobre estimativa populacional e para registrar os deslocamentos dos grupos na região e as principais áreas de utilização.
Para a psicóloga Maria Augusta de Mendonça Guimarães, que participou pela primeira vez como voluntária, o censo é uma experiência enriquecedora. “Participar de uma atividade que propicia o contato com a natureza já é enriquecedor por si só. Mas saber que o meu trabalho estava contribuindo para ajudar esse projeto que há tantos anos luta pelo papagaio-de-cara-roxa foi uma experiência muito gratificante e emocionante, não tem preço”, afirmou.
A espécie, que é endêmica, é encontrada apenas em uma estreita faixa entre o litoral do Paraná e o litoral sul de São Paulo, localizada na porção central de uma área conhecida como Grande Reserva Mata Atlântica, que concentra os últimos dois milhões de hectares contínuos desse bioma no mundo. As áreas protegidas da Ilha Rasa da Cotinga (Reserva Indígena), Ilha do Pinheiro no Parque Nacional do Superagui, Ilha Rasa na Área de Proteção Ambiental (APA) de Guaraqueçaba e a Estação Ecológica Ilha do Mel compõem os principais dormitórios da espécie.
Apesar da estabilidade da população, a possibilidade de desenvolvimento de empreendimentos no litoral paranaense representa uma grande ameaça para a espécie. A região de Paranaguá e Pontal do Paraná concentra quase metade dos indivíduos, que se deslocam até a planície litorânea em busca de alimento. A construção do complexo portuário privado em Pontal afetaria cerca de 3 mil papagaios, segundo a SPVC.