A falta de ordem na numeração das casas de alguns bairros de Curitiba é uma das principais dificuldades que os carteiros enfrentam na hora de entregar as correspondências. Segundo o gerente de atividades externas dos Correios, Dorotey Gaudeda, na Cidade Industrial, Bairro Novo, Sítio Cercado, Capão da Imbuia, Cajuru e Campo Comprido 80% das ruas se encontram nesta situação. Só no Bairro Novo há 23 roteiros de entregas de cartas e em apenas um deles os números seguem uma seqüência.
Dos 19 centros de distribuição em Curitiba, apenas cinco não apresentam nenhum problema. Esta falta de ordem na numeração significa trabalho dobrado para os carteiros. Antes de ir para a rua eles precisam organizar as correspondências. A atividade que deveria ser simples, acaba exigindo um tempo maior e muita concentração. Para ajudar os carteiros, a empresa montou até uma espécie de mapa contendo a numeração apresentada nas ruas. “A primeira casa possui o numero 200 e lá no meio da quadra há outra com o número dois”, exemplifica o carteiro Rogério Caetano Saturnino.
Já para os carteiros que atuam sempre na mesma região, a atividade é menos penosa. Aos poucos, eles vão decorando a seqüência e o mapa vai ficando de lado. No entanto, sempre que há mudanças na área de atuação, o problema volta.
Nomes de rua iguais não chegam a ser um problema, mas incomodam um pouco. Isso ocorre nas ocupações irregulares, porque as pessoas denominam as ruas por conta própria, sem saber se existe outra com o mesmo nome. No bairro Cabral, por exemplo, existe a Rua Bom Jesus e no Cajuru a Travessa Bom Jesus. Muitas vezes o carteiro não acha o endereço e a correspondência volta para o remetente. Segundo o chefe de endereçamento da Prefeitura, Marcos Eduardo Turim, todas as áreas regularizadas de Curitiba possuem a numeração em seqüência. No entanto, as pessoas, por conta própria, acabam escolhendo um número aleatório. Diariamente, a Prefeitura recebe entre cinco e dez reclamações sobre o problema pelo telefone 156. No entanto, existe apenas um funcionário para percorrer a cidade, contatar e corrigir o problema. Nestes casos, os moradores recebem por correspondência o número correto e têm 90 dias para se adequar.
Devido a falta de funcionários, praticamente só quem reclama é atendido. Mas as pessoas podem ligar para a Prefeitura, tendo em mãos os documentos do terreno e obter por telefone a numeração correta.
Já os moradores de áreas irregulares, por não terem um endereço oficial, não contam com a entrega de correspondências em domicílio. Para atendê-los, a empresa montou caixas postais comunitárias. Hoje são quarenta módulos postais atendendo a cerca de 40 mil pessoas.