A natureza e a população da Vila Leão, no Novo Mundo, não ganharam quase nada com a retirada das famílias que viviam às margens de um afluente do Rio Formosa. No lugar dos antigos barracos, hoje existe um verdadeiro lixão a céu aberto. Segundo os moradores, o córrego, tomado pela sujeira, continua transbordando em dias de chuva forte, invadindo casas e espalhando doenças.
Para a dona de casa Renata Costa Soares de Paula, que vive há 16 anos na Vila Leão, a saída dos moradores que viviam à beira do riacho não melhorou em nada a situação de quem permanece na região. “Ficou ainda pior. Destruíram as casas e deixaram todo o entulho. E agora pessoas vêm de longe, de carro, para despejar lixo aqui”, relata.
Renata mora com o marido e quatro filhos na Rua Professor-Doutor Irineu Antunes. Em frente ao seu portão, a área ao redor do curso d’água está tomada por sacolas plásticas, garrafas, eletrodomésticos quebrados, móveis e entulho das casas demolidas. “Aí no meio está cheio de ratos. Algumas pessoas já pegaram leptospirose quando o rio subiu e a água suja invadiu as casas”, aponta.
Em 2010, famílias que viviam na área da bacia do Rio Formosa foram realocadas para o conjunto Moradias Arroio, na Cidade Industrial. Na época, a prefeitura prometeu recuperar a faixa de preservação às margens dos rios e construir canchas esportivas e ciclovia no local, para evitar novas invasões. “Também disseram que iriam asfaltar a rua, mas até agora nada”, lamenta Renata. Além da sujeira, outro problema tira o sono da família dela: a violência. “Está terrível! Aqui, matam a três por quatro, mas a polícia só vem para recolher os mortos. Estamos largados”, conclui.