Foto: Ney de Souza/Prefeitura de Foz |
Superintendente Bernardi (e.) empossaa Tragancim (d.). |
O novo delegado da Receita Federal em Foz do Iguaçu, Gilberto Tragancim, tomou posse ontem depois de José Carlos de Araújo, que ocupava o posto desde 2004, ter sido exonerado do cargo na última quarta-feira. A exoneração foi pedida pelo próprio ex-delegado, justificada como conseqüência ao que considerou uma ?missão cumprida? durante os quase três anos em que ficou no cargo. Nesse meio tempo, a atuação de Araújo fez os valores em apreensões na fronteira crescerem quase cinco vezes, levantando ao mesmo tempo votos de louvor e críticas severas por conta do rigor nas fiscalizações. O novo dirigente promete intensidade semelhante em sua atuação.
Araújo afirma que sua saída não pegou ninguém de surpresa. Ao contrário, aconteceu até com certo atraso. ?Estava previsto para eu deixar a delegacia em junho do ano passado, depois que a nova aduana ficasse pronta?, lembra. No entanto, com a demora para o início das operações, o que aconteceu somente em outubro, a permanência no posto continuou até esta semana. ?Acredito que já tinha cumprido a tarefa à qual havia me proposto. Era hora de fazer a troca?, justificou.
O ex-delegado garante que a pressão política não interferiu em sua decisão. ?No início de dezembro houve muitas manifestações de políticos, dizendo que iriam exigir a exoneração. Mas a Receita não trabalha atendendo a esse tipo de pressão, tanto que decidimos que aquele não era o melhor momento.? O anseio para que Araújo deixasse o cargo partiu principalmente do deputado estadual Dobrandino da Silva (PMDB), que comemorou ontem sua exoneração por ver ?exagero? na atuação do ex-delegado. ?A saída dele é uma satisfação. Não estou contestando as ações de combate ao contrabando, mas a arrogância com que agia, tomando até pirulitos das pessoas que vinham do Paraguai e tirando o trabalho dos coitados que conduziam as quinquilharias. Isso só gerou violência e desemprego.?
Apesar das críticas, Araújo diz ter atuado sem medo. ?Minha visão era o fim dos comboios, das filas no porto seco e a implantação de uma nova filosofia de trabalho na ponte. Esses três objetivos foram cumpridos. De 2003 a 2006, quintuplicamos o valor das apreensões, saindo de US$ 16 milhões para US$ 77 milhões de dólares ao ano. Além disso, o órgão hoje é mais respeitado e os servidores resgataram sua dignidade e auto-estima?, argumenta o ex-delegado.
O sucessor de Araújo promete manter o rigor nas fiscalizações. ?A Receita tem metas traçadas para médio e longo prazos. Nós vamos buscar o cumprimento dessas metas?, disse Tragancim. A estratégia para coibir o contrabando em 2007 não é revelada por motivos estratégicos, mas, segundo o ex-dirigente, os valores em apreensões feitas em janeiro devem fechar 96% maiores que no mesmo período do ano passado.
Araújo deixou o cargo com homenagens e elogios por parte do prefeito de Foz, Paulo MacDonald Ghisi, e de servidores locais. Uma menção honrosa também lhe foi entregue pelo superintendente da 9.ª Região da Receita Federal, Luís Bernardi, assinada pelo secretário da Receita, Jorge Rachid. O ex-delegado assume agora a unidade da Receita em Itajaí (SC).