O ano terminou mal para a maioria dos paranaenses. Encerramos 2015 com média anual de 87,07% de endividamento, índice muito acima da média nacional, que é de 61,1%. Isso significa que de cada dez consumidores do Paraná, quase nove possuem dívidas em aberto. Os dados, que compõem um relatório da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), foram divulgados ontem pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio-PR).

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De acordo com o diretor de planejamento e gestão da Fecomércio, Rodrigo Rosalém, o índice ficou próximo do observado em 2014, quando o nível de endividamento registrado no Paraná foi de 88,6%. No entanto, o que chama a atenção atualmente é outro aspecto apontado pela pesquisa.

“O nível de endividamento do paranaense não mudou muito. Mas a capacidade de pagar as dívidas teve uma alteração significativa. A possibilidade de não conseguir pagar as dívidas em atraso é mais preocupante que o endividamento. Hoje, quase 30% da população está muito endividada e não tem como pagar suas dívidas na data de vencimento. Passados 90 dias, a pessoa tem seu CPF incluído nos sistemas de proteção ao crédito e isso dificulta ainda mais os pagamentos e negociações”. Segundo a pesquisa, a média anual de endividados com contas em atraso ficou em 26,44% e a dos que não terão condições de pagar seus débitos foi de 10,38%.

Causas e consequências

Segundo Rosalém, além da inflação e dos fatores econômicos que levam a problemas como o desemprego e a queda no poder aquisitivo, os grandes vilões, que costumam induzir o consumidor ao endividamento são o uso não disciplinado do cartão de crédito, o descontrole ao fazer compras, gastos excessivos e a falta de planejamento no orçamento pessoal e familiar.

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“O paranaense sempre esteve entre os mais endividados. Nossa população tem fácil acesso ao crédito e costuma utilizar o cartão de crédito, muitas vezes, para adquirir produtos que estão além de seu poder aquisitivo, no momento da compra. É um hábito cultural”, explica o diretor da Fecomércio.

Para o comércio, os reflexos das dificuldades enfrentadas pelos consumidores são a queda no nível de consumo e o risco da inadimplência. “Para os comerciantes, o endividamento pode impactar tanto nas novas aquisições, como pode provocar o aumento da inadimplência, na cobrança do que já foi vendido”, diz Rosalém.

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