Polêmica

Novas placas dividem taxistas, que reclamam da falta de ponto

A população aprova, mas taxistas de Curitiba ainda estão divididos em relação ao aumento de número de placas, ocorrido ao longo desse ano na capital. A licitação, iniciada no ano passado pela Urbs, colocou nas ruas da cidade 750 novos táxis. Diante do novo cenário, muitos motoristas afirmam que desde que a frota aumentou, o número de corridas diminuiu consideravelmente. Já outros contam que o movimento não mudou após a chegada dos novos carros na praça.

Trabalhando como taxista há cerca de dois anos, Antônio Veloso reclama da chegada das novas placas no mercado. Ele afirma que suas corridas diminuíram quase pela metade. “Antes eu fazia em média 20 viagens por dia. Hoje, quando faço 12 eu comemoro. Ficou muito complicado trabalhar com todos esses táxis nas ruas”, afirma.

Já Arli Venâncio, taxista profissional desde 1972, conta que para ele o movimento de clientes não mudou com os 750 novos táxis rodando por Curitiba. “Tem dias que está pior, em outros está um pouco melhor. Não percebi muita diferença. Continuo trabalhando normal. Pego meu taxi às 7h da manhã e paro só às 23h. Acho que para quem trabalha certinho o movimento nunca cai”, explica.

As entidades que representam os taxistas em Curitiba também divergem em relação ao atual cenário do mercado. Para Abimael Mardegan, presidente do Sindicato dos Taxistas do Paraná, ainda é cedo para fazer qualquer tipo de avaliação. “Estamos saindo da crise gerada pela Copa do Mundo, quando o movimento caiu cerca de 70%. Então, agora o movimento está melhorando e os taxistas estão voltando a respirar. Por isso não dá para fazer uma análise mais correta sobre a situação”, afirma.

Já Pedro Chalus, presidente do Sindicato Intermunicipal dos Condutores Autônomos de Veículos Rodoviários no Estado do Paraná (Sicavrep), não pestaneja ao afirmar que o mercado piorou para os taxistas. “Curitiba não precisava de novos táxis. Tenho conversado com os profissionais, e todos vem me afirmando que o movimento diminuiu pelo menos 40%”, reclama.

Faltam pontos

Taxistas e sindicalistas concordam apenas que o número de pontos de táxi em Curitiba precisa ser aumentado. “Tem que implantar mais pontos, principalmente nos bairros com vida noturna bastante ativa. Esses pontos semiprivados quebram o mercado, que agora tem muito mais táxis”, diz Mardegan. “Aumentaram o número de placas, mas não pensaram na estrutura para os motoristas trabalhar”, reclama Chalus.
Em nota, a Secretaria Municipal de Trânsito e a Urbs informaram que “foram implantadas até o momento 52 novas vagas para táxi em Curitiba em 16 pontos, em todas as regionais da cidade e todas essas vagas já estão em pleno funcionamento”. A previsão pe que sejam implantadas mais 159 novas vagas nos próximos dois meses. Além disso, a Setran pretende iniciar “em breve” um projeto-piloto de utilização de vagas do Estar para ponto de táxi após as 19 horas na Rua Bispo Don José.

Gerson Klaina
Número de corridas feitas por antônio (esquerda) caiu pela metade.

Usuários aprovam frota maior

Enquanto taxistas discutem, usuários de táxi da capital aprovam a chegada das novas placas. O representante comercial Juliano Ricardo dos Santos trabalha no Portão, mas semanalmente vai ao Centro visitar clientes. “Os táxis estão chegando mais rápido. Antes eu pedia na central e o carro demorava 20 minutos pra chegar. Hoje eu peço e chega em 10, no máximo. Não tinha como piorar. Era uma necessidade”, afirma.
O empresário Rogério Martins também usa táxi com frequência. Ele diz que agora consegue encontrar mais carros nos pontos. “Antes cheg,ava aos pontos, não havia motoristas e demorava muito pra chegar outro carro. Agora sempre tem táxi. E quando não tem um, chega outro rapidinho”, afirma.
Adaptação
O presidente da Urbs, Roberto Gregório, afirma que caíram as reclamações por parte de usuários em relação ao serviço de táxi da capital. “Houve uma queda importante no número de usuários reclamando e notamos que as reclamações por parte dos taxistas em relação ao mercado também têm diminuído”, aponta.
Gregório ainda explica que o mercado passa por uma fase de adaptação com a chegada das 750 novas placas na frota de Curitiba. “Temos novos motoristas que estão se acostumando com o mercado e ao mesmo tempo os antigos motoristas estão se adaptando ao novo cenário. Então, o mercado passa por uma turbulência, mas logo tudo deverá se acertar. O importante é que o usuário tenha mais opções”, conclui.

Ordem na Rodoviária

Duas novas faixas de estacionamento de táxis foram abertas ontem na área interna da Rodoviária, pela Setran e a Urbs. Desta forma, as faixas de estacionamento no acesso à ala estadual, que antes eram ocupadas pelos taxistas, foram liberadas.

O ponto de táxi nos fundos da ala estadual conta com 40 vagas. Até então, os taxistas ficavam no entorno, em faixas de acesso à ala estadual, à espera de liberação de vaga no pátio interno, onde ocorre o desembarque dos ônibus.

Com a nova organização, a espera por uma vaga na fila pode ser feita dentro da ala dos fundos, o que facilita o deslocamento do táxi e libera a área externa para os usuários que utilizam seus próprios carros.

A operação foi feita para testar o projeto de concentrar os táxis na ala mais próxima do desembarque e liberar o espaço na frente para os usuários.

A diretoria da Urbs vai agora analisar o resultado da operação desta segunda-feira com as entidades representativas dos taxistas para que a medida seja implantada de forma definitiva.

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