A forma como alguns noivos organizam o próprio casamento religioso vem fazendo com que muitas cerimônias se caracterizem mais como eventos sociais do que como celebrações de um sacramento. Em função disso, a Arquidiocese de Curitiba estuda a possibilidade de estabelecer algumas normas – a serem cumpridas nas 156 paróquias que a compõe – com o objetivo de resgatar o verdadeiro significado do matrimônio.
?Não se tratam de proibições, mas de medidas que salvaguardem a parte espiritual da cerimônia. A idéia é resgatar a dignidade do sacramento do matrimônio, fazendo com que os mesmos sejam atos de encontro com Deus e não atos sociais?, diz o vigário episcopal responsável pela comissão de liturgia da Arquidiocese, Gilson Camargo, que também é o padre responsável pela paróquia São Vicente de Paulo, nas Mercês, onde apenas neste mês serão celebrados 22 casamentos.
Entre os aspectos que podem descaracterizar as cerimônias como celebrações religiosas estão: o excesso de decoração da igreja; a escolha de um grande número de padrinhos, quando o necessário é que haja apenas um casal para a noiva e outro para o noivo; e a utilização de músicas consideradas inadequadas, que muitas vezes contradizem o sacramento. ?Há algum tempo, na paróquia São Vicente, na entrada do noivo o casal escolheu uma música em francês que falava sobre como os casamentos caem na rotina e se tornam algo enfadonho com o passar dos tempos. É este tipo de coisa que queremos evitar?.
Gilson lembra também que em um casamento realizado na véspera do carnaval os convidados foram fantasiados e os noivos entraram na igreja com adereços típicos da festa de Momo. ?Muitas das coisas utilizadas nas cerimônias estão mais relacionadas ao comércio que existe em torno do casamento do que com a celebração em si. Muitos noivos gastam verdadeiras fortunas para casar na igreja, quando isso não é necessário. Casar na igreja não é caro. O que é caro são os recursos utilizados, como decoração, cerimonial, foto e vídeo, contratação de músicos, entre outras coisas?.