Nova tecnologia do Tecpar permite reciclagem de laminados

As mesmas razões técnicas para o uso crescente de embalagens laminadas para alimentos e remédios tornam-se problemas na hora do descarte. A durabilidade, resistência e alto poder de conservação das embalagens, obtidas com diferentes composições de plástico, papel e alumínio, até agora inviabilizavam a reciclagem.

Por isso, tais embalagens vinham se avolumando nos aterros sanitários. Numa estimativa bastante conservadora, hoje elas constituem cerca de 4% a 5% do peso total do lixo urbano.

A possibilidade de tirar as embalagens laminadas do lixo surgiu neste ano, com uma nova tecnologia de separação das diversas camadas de materiais, desenvolvida por uma equipe de oito pesquisadores e pós-graduandos do Instituto de Tecnologia do Paraná, Tecpar.

Com um financiamento de R$ 180 mil para equipamentos, da Fundação Banco do Brasil, em dois anos a equipe conseguiu chegar a um processo de separação. “As embalagens são imersas em uma solução química, cuja fórmula ainda não podemos revelar, pois a patente foi requerida há três meses e leva um ano para se obter o registro definitivo”, explica Alexandre Akita Takamatsu, do Tecpar, responsável pelo desenvolvimento.

Dois minutos e meio depois de imersas na solução, as embalagens soltam as diferentes camadas de plástico, alumínio e papel, de qualquer espessura, seja qual for o tipo de papel, plástico do tipo PVC ou polietileno.

A separação ocorre por lâminas, sem que os diferentes materiais se desmanchem. Faz-se, então, uma catação manual e as lâminas passam por uma prensa, para eliminar resíduos da solução química. E já estão prontas para a reciclagem.

“O processo não serve apenas para embalagens de leite ou sucos, do tipo longa vida, mas também para embalagens bem mais finas, de salgadinhos, de café a vácuo, cartelas de remédios e até para a embalagem de ovos de Páscoa”, garante Takamatsu.

“Ainda estamos avaliando os custos, já que nossa produção não tem escala comercial, mas os ingredientes da solução são fáceis de obter e seu custo deverá se manter baixo, menor, por exemplo, do que o custo de um refrigerante.”

A nova tecnologia já está sendo utilizada pela Prefeitura de Curitiba, na Usina de Reciclagem Total de Embalagem Laminada, inaugurada em outubro. O local emprega presidiários, que, a cada três dias de trabalho, encurtam um dia de pena, além de receber salário mínimo, tendo, assim, uma oportunidade de reintegração social.

Por enquanto, o material separado ainda é vendido a intermediários, mas a intenção é constituir uma cooperativa de comercialização para vender direto às indústrias recicladoras e melhorar a renda.

A Prefeitura de Curitiba também deve fazer uma nova campanha de coleta seletiva, explicando à população a importância de separar também as embalagens laminadas, que agora têm esta alternativa viável de reciclagem.

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