As viagens por via terrestre entre Curitiba e o litoral de Santa Catarina estão cada vez mais longas e irritantes, independente da temporada de verão, quando congestionamentos são comuns e o deslocamento entre as capitais paranaense e catarinense (Florianópolis) pode levar mais de oito horas. Uma proposta do governo de Santa Catarina, entretanto, pode aliviar o tráfego na BR-101 e tornar a viagem mais rápida para turistas paranaenses, moradores de cidades litorâneas e transportadores de cargas.
O Corredor Litorâneo Norte, também conhecido como Via Mar, é o projeto de uma estrada com seis pistas — três de cada lado — para ligar Joinville e a região de Florianópolis, correndo paralelamente à BR-101, em um trecho de 145 quilômetros. Com essa alternativa, a expectativa é de que o trânsito se divida e o deslocamento seja mais fluido, especialmente nas áreas próximas às cidades de Itajaí, Balneário Camboriú e Itapema, onde existe um grande fluxo de veículos.
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O governo de Santa Catarina autorizou o início da fase de planejamento detalhado do projeto, que inclui estudos de impacto ambiental e traçados técnicos. Nesse primeiro momento estão previstos quatro lotes, que vão de Joinville a Itajaí — o lote que liga Itajaí ao Contorno Viário da Grande Florianópolis ainda está em estudo antes de ter autorizada a execução do projeto executivo.
O custo dos projetos assinados é de R$ 9,6 milhões e das licenças ambientais é de R$ 4,2 milhões. A estimativa é de que o projeto do lote 5 custe R$ 26,8 milhões.
Ainda não há previsão de quando as obras devem começar, pois dependerão dos estudos realizados a partir de agora, incluindo questões de desapropriações. Essa etapa deve durar cerca de dois anos. A ideia do governo catarinense é de que a Via Mar seja viabilizada por meio de uma parceria público-privada (PPP) e de que as obras comecem assim que os estudos sejam finalizados.
“É o primeiro passo para a realização dos projetos executivos dessa obra que trará um grande avanço para Santa Catarina, principalmente, na logística e transporte de cargas”, comemorou o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), na assinatura do início dos estudos.
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Os estudos contratados pelo governo de Santa Catarina vão definir o traçado exato da nova rodovia. Na ordem de serviço assinada há um breve detalhamento dos trechos de cada lote e uma previsão de obras especiais, como pontes, viadutos e contenções:
- Lote 1: 26,85 km entre o entroncamento da BR-101, em Joinville, e a BR-280, em Guaramirim, com quatro pontes e dois viadutos.
- Lote 2: 21,09 km entre o entroncamento da BR-280, em Guaramirim, e a SC-415, entre Massaranduba e São João do Itaperiú, com duas pontes e um viaduto.
- Lote 3: 16,77 km entre a SC-415 e a SC-414, em Luis Alves e Navegantes, com duas pontes e oito contenções.
- Lote 4: 25,78 km entre a SC-414, em Luis Alves e Navegantes, até o entroncamento da SC-486, em Itajaí, com quatro viadutos, duas pontes e três contenções.
- Lote 5: 54,72 km entre o entroncamento da SC-486, em Itajaí, até o Contorno Viário da Grande Florianópolis, com quatro viadutos, quatro pontes e três contenções.
Construção da Via Mar terá impactos no setor produtivo
De acordo com a Secretaria de Estado do Planejamento, a região por onde a Via Mar passará concentra 60% da população catarinense, o que dá mais importância ao projeto. Além disso, a expectativa do governo de Santa Catarina é de que a obra impulsione a cadeia logística, com impacto direto no transporte de produtos industriais, agrícolas e pesqueiros, abastecendo os portos de Itajaí e São Francisco do Sul e reduzindo custos e tempos de deslocamento para as empresas.
O setor produtivo catarinense não seria o único beneficiado pela nova estrada. As indústrias paranaenses também teriam ganhos logísticos com a Via Mar, visto que parte da produção do estado é escoada pela BR-101 até os portos catarinenses, de onde saem para exportação.
O superintendente da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), João Arthur Mohr, acredita que a Via Mar tem o potencial para melhorar o fluxo de cargas paranaenses não só para Santa Catarina, mas até mesmo para Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina. “A alternativa de uma rodovia paralela à atual vai tirar o tráfego de dentro das cidades. E é uma alternativa interessante que daria fluidez para o tráfego”, comenta.
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Segundo ele, não há uma solução para os congestionamentos na BR-101 que não passe por uma nova estrada. Isso porque a concessão atual, que pertence à Arteris Litoral Sul, vence em 2033 e não há previsão em contrato de novas obras que poderiam melhorar o tráfego, como mais pistas marginais próximas a cidades. Nesse caso seria necessário uma otimização do contrato que abrangesse novas intervenções.
Mohr alerta também para um complemento da Via Mar, no caminho para o Paraná, criando uma nova estrada para agilizar o fluxo entre Curitiba e Garuva, e chegando até Joinville. Esse percurso tem sido crítico, com muitos acidentes e interrupções no tráfego, prejudicando o transporte de produtos entre os estados. “É necessária uma solução logística para a BR-376. Temos que ter uma alternativa também para isso”, acrescenta o superintendente da Fiep.