Com a mesma metodologia utilizada para atender mais de 1,8 milhão de crianças em todo o País, a Pastoral da Criança irá emprestar seu know how para a Pastoral da Pessoa Idosa, que será fundada hoje em Curitiba, mas com abrangência nacional. As duas entidades serão comandadas pela médica Zilda Arns, idealizadora da Pastoral da Criança – que reúne hoje 240 mil voluntários presentes em 3.757 municípios. A nova entidade espera atender até o final do ano que vem 70 mil idosos carentes.

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem no Brasil 16 milhões de pessoas acima de 60 anos. De acordo com Zilda, a estimativa é que 49% desses idosos são pobres – recebem abaixo de dois salários mínimos. E esse será o público que a pastoral pretende atingir.

Zilda recebeu a incumbência da coordenação da Pastoral da Pessoa Idosa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A entidade, porém, deverá ser apoiada pelo Ministérios da Saúde ou da Assistência Social. Zilda não tem idéia do montante de recursos que serão destinados para a entidade, mas garante que eles serão importantes, principalmente do ponto de vista da prevenção. “É uma poupança para o governo, pois através da prevenção de diversas doenças e problemas dos idosos, o governo irá gastar menos com essa população”, ponderou. Ela afirma também que irá buscar auxílio da iniciativa privada, para a elaboração de materiais educativos e capacitação dos voluntários.

A escolha da Pastoral da Criança como modelo para a Pastoral da Pessoa Idosa é porque a entidade já atende cerca de 34 mil idosos. O trabalho começou através das voluntárias idosas ou com idosos nas famílias. Agora, o trabalho será desvinculado, com a ampliação das equipes de voluntários, devendo chegar a 5 mil pessoas em 2005.

Fome

Segundo a coordenadora, a Pastoral da Pessoa Idosa irá atuar na promoção do desenvolvimento físico, mental, social, espiritual, cognitivo e cultural do pessoal da terceira idade. Além disso, promover o convívio do idoso com pessoas de outras gerações, estimulando uma velhice ativa. Para Zilda, o Estatuto do Idoso foi uma conquista, porém, “é necessário que ele se multiplique, e que o governo faça com que ele seja cumprido”.

Sobre a fome, Zilda afirmou que muitos pobres não são incluídos nos programas sociais no País. “O governo ainda não tem abrangência nacional. Precisa mais seleção, pois o dinheiro vai para os municípios e acaba não chegando aos pobres.” Ela disse que está estudando um acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social para atuar na fiscalização desses programas.

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