Escolas municipais e creches de Curitiba adiaram a volta às aulas, prevista para o próximo dia 4, para o dia 10 de agosto na tentativa de conter a disseminação do vírus H1N1, da gripe suína. A medida afeta 140 mil alunos.

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O mesmo deve acontecer com as 1.960 escolas particulares no Paraná, que foram orientadas ontem pelo Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Paraná (Sinepe-PR) a suspender as aulas até o dia 10. A medida pode atingir até 530 mil alunos, sendo 330 mil da educação básica e 200 mil do ensino superior privado do Estado.

As universidades Positivo (UP) e Pontifícia Universidade Católica (PUCPR) foram algumas das que aderiram à suspensão temporária. “A escola é autônoma para fazer o que achar melhor, mas o mais prudente é que suspenda as aulas”, afirmou o presidente do Sinepe-PR, Ademar Pereira.

A reposição necessária será decidida por cada escola. Creches e escolas municipais de Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), anunciaram ontem a mesma medida preventiva. São 26 mil alunos que terão as aulas suspensas na cidade.

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Nas escolas estaduais, nada muda, pelo menos por enquanto. Avaliação técnica da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) garante que não há resultado efetivo na suspensão das aulas neste momento. “Isso não significa que a medida não seja necessária mais para a frente”, alertou o diretor-geral da Sesa, André Pegorer.

Ao contrário do Paraná, a suspensão das aulas em colégios estaduais foi anunciada ontem nos locais que apresentam grande quantidade de casos da gripe: Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. São Paulo já havia aderido à suspensão na terça-feira.

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Para especialistas, a medida tem pouca eficácia para evitar o contágio pelo vírus H1N1, já que existem vários locais com aglomeração de pessoas que facilitam a transmissão, como transporte público, cinemas, teatros e shoppings. Como não há garantia que as crianças sem aula fiquem em casa até o retorno, a conclusão é que elas poderiam se contaminar nesses ambientes.

Audiências suspensas

As audiências nas Varas do Trabalho de Curitiba também estão suspensas por conta da nova gripe, até 7 de agosto. Por enquanto, as audiências estão mantidas nas demais varas do trabalho do Estado.

“Pelo menos duas mil pessoas frequentam diariamente o Fórum Trabalhista de Curitiba e, como gestores públicos, temos o dever de preservar a saúde de todos, adotando medidas preventivas”, justifica o diretor do fórum, juiz José Aparecido dos Santos.

A orientação é que as pessoas compareçam ao fórum apenas quando for imprescindível. “Informações sobre processos podem ser obtidas por telefone. Advogados podem solicitar as cargas (empréstimos) dos cadernos processuais por telefone ou e-mail antes de virem até a vara do trabalho, reduzindo o tempo de permanência no local”, ressaltou o juiz.

Casos no Paraná

O número de casos confirmados de pessoas infectadas pelo H1N1 subiu para 180 no Paraná, com 94 novas confirmações. “Não teve uma explosão de casos, mas estamos limpando nossa prateleira. A maioria desses pacientes já saiu do período de isolamento”, tranquilizou Pegorer.

Desde a última segunda-feira, o Laboratório Central do Paraná (Lacen-PR) realiza os exames do Estado, o que permite maior agilidade no resultado das análises. Para confirmação de morte pela nova gripe, o Lacen-PR ainda precisa do respaldo da Fiocruz, laboratório para onde eram enviadas as amostras até então.

Do total de análises desses primeiros dias, 65% dos exames deram positivo. “A tendência é que na semana que vem, quando divulgaremos novo boletim, haja um novo salto dos números. Mas, com o avanço das análises, a tendência &e,acute; que esses números se acomodem”, disse Pegorer.

A maioria dos casos concentra-se na região de Curitiba (111 confirmações), seguida por Foz do Iguaçu (12) e Ponta Grossa (12). Ainda estão na espera 1.553 casos para serem investigados.

Brasil já tem 61 mortes

Mais cinco mortes causadas pelo vírus H1N1 foram registradas ontem. A Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul confirmou dois casos em Passo Fundo: uma dona-de-casa de 28 anos, portadora de Síndrome de Down, e um homem de 42 anos. 

Já em São Paulo, foram mais três óbitos: um homem de 38 anos de São Caetano do Sul, uma mulher de 48 anos de Campinas e um homem de 58 anos de Turiúba.

Com essas confirmações, sobe para 61 as mortes no País. Trabalhadores do Hospital de Clínicas, em Curitiba, reclamam das decisões do hospital em relação à gripe.

Segundo o Sinditest-PR, que representa a categoria, já houve cinco mortes suspeitas de gripe A no HC  em uma semana, além de quatro funcionários afastados do trabalho.