Uma árvore nativa da região de Curitiba terá o nome da cidade, em homenagem ao aniversário de 315 anos. A espécie, da família das pitangueiras, dos araçás e das goiabeiras passa a ser chamada de Curitiba prismatica. A árvore, na fase adulta pode atingir cinco metros. Ela pode ser encontrada somente nas florestas de araucárias do Paraná e Santa Catarina.
"A nova classificação do gênero é mais apropriada à espécie. Somente após quarenta anos de pesquisas e com os atuais recursos de tecnologia pode-se chegar a esta classificação", afirma o botânico Gerdt Hatschbach. "Com isso, a planta passará a ser destacada em livros de botânica em todo mundo e será reconhecida pelo gênero Curitiba em meio à comunidade cientifica."
A pesquisa que levou a planta a receber o nome Curitiba foi publicada, no fim do ano passado, na Revista Brittonia. Agora, por ocasião do aniversário de Curitiba, a planta é apresentada ao público. O trabalho científico foi feito pelos pesquisadores americanos Andrew Salywon e Leslie Landrun, que estiveram em Curitiba coletando exemplares para suas pesquisas. O trabalho foi acompanhado por Hatschbach e equipes de pesquisadores do Museu Botânico Municipal.
Além de coletas feitas na região sul do estado, foram também recolhidos exemplares da planta nos Parques Barigüi e da Barreirinha. Os estudos mostraram que se tratava de um novo gênero com possibilidades de haver novas espécies. A árvore Curitiba produz frutos, consumidos por animais da fauna regional. A época de florescência é nos meses de dezembro e janeiro e os frutos aparecem principalmente no mês de abril.
Nova Espécie
A classificação do gênero Curitiba só foi possível após várias análises e estudos feitos com o DNA da planta. Em 1969, o pesquisador uruguaio Diego Legrand classificou a planta como sendo do gênero Eugenia, o mesmo da pitangueira. Sua conclusão foi feita após perceber as semelhanças entre as flores das duas plantas.
Outros estudos foram feitos em 1990 pelo botânico brasileiro Marcos Sobral, especialista em Eugenias e mostraram que a planta tinha características muito diferentes para o gênero classificado pelo pesquisador uruguaio.
Em 1997, o pesquisador americano Leslie Landrum classificou a planta como Mosiera prismatica. "Sabíamos que Landrum estava ainda insatisfeito com sua classificação, porque Mosieras são encontradas somente em regiões da América Central", disse Hatschbach. Estudos genéticos mostraram que se trata de uma nova espécie, levando os pesquisadores a criar o novo gênero.
Em Curitiba, a árvore poderá ser vista no Jardim Botânico, onde alguns exemplares foram plantados. No Museu Botânico Municipal há exemplares conservados para estudos e novas pesquisas. Hatschbach afirma que o próximo passo será estudar a química da planta, que poderá ter propriedades medicinais e demonstrar que na natureza existem outras espécies do gênero.