Situação caótica

No PR, má gestão é o principal problema da saúde pública

O principal entrave do sistema de saúde no Paraná não é a falta de leitos ou de investimentos, mas problemas estruturais e de gestão administrativa. A conclusão é do deputado Marcelo Rangel (PPS), relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Leitos do Sistema Único de Saúde (SUS).

O resultado das investigações dos parlamentares em 32 instituições do Estado foi apresentado nesta segunda-feira (17) aos parlamentares. Segundo Rangel, o documento será entregue também à Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) e ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha, durante a abertura da Conferência Estadual da Saúde em Curitiba.

Entre os principais problemas encontrados pelos parlamentares, conforme adiantou em linhas gerais Marcelo Rangel, estão: centrais de leitos ineficientes e sem controle real sobre a disponibilidade de vagas, hospitais regionais e universitários com graves problemas estruturais e instituições com menos funcionários que o necessário para o atendimento ou onde os profissionais, mesmo recebendo, não aparecem para trabalhar.

Para a presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Paraná e secretária da Saúde de Terra Boa, Marina Martins, a situação da saúde no Estado tende a melhorar com o fortalecimento da rede básica de atendimento no interior do Paraná e com o estabelecimento de consórcios intermunicipais de saúde, onde os municípios se unem para oferecer atendimento à população.

Ela concorda que as centrais de leito precisam de uma reorganização geral e que são necessários mais auditores para garantir que os leitos existentes nos hospitais estejam também disponíveis nas centrais para os internamentos. Mas Marina afirma que a questão dos leitos não pode ser tratada exclusivamente. Para ela, outras questões precisam ser resolvidas para colaborar com a solução da questão, como a redução no número de acidentes e a reestruturação da rede de atendimento, o que já estaria em curso no Estado.

“Os municípios precisam fortalecer as equipes de saúde da família e unidades básicas que têm condições de resolver a maioria dos problemas. A ideia na área hospitalar é fortalecer os hospitais regionais para que eles possam atender em maior escala e com maior qualidade problemas mais complexos”, disse.

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) também foi procurada pela reportagem para comentar a situação dos leitos no Estado, mas informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o secretário Michele Caputo Neto irá se manifestar somente nesta terça-feira (18), após o recebimento do relatório da CPI.

Centrais de Leito

Um dos principais problemas encontrados pelos deputados foi a existência de centrais de leitos ineficientes e incapazes de determinar ao certo onde há vagas para cada paciente. De acordo com o relator, as centrais realizam a verificação da existência dos leitos por contatos telefônicos e não há como comprovar se o leito está ou não disponível.

“Uma das recomendações é a informatização das centrais de leitos. A partir do momento que tivermos esse controle informatizado e em tempo real nós teremos um avanço notável na saúde do Paraná”, defendeu.

UTIs

Embora a CPI tenha concluído que não haveria falta de leitos para atendimento de baixa e média complexidade no Paraná, o mesmo não vale para as Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). “Em todos os hospitais que visitamos os leitos de UTIs estavam totalmente lotados”, declarou Rangel.

Segundo o deputado, a superlotação nos leitos de UTI tem aumentado ainda mais com o crescimento no número de acidentes, principalmente de motos. “O aumento dos acidentes acabou agravando a situação das UTIs”, explicou.

 

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