Dona da maior taxa de motorização do país – 0,74 veículo por habitante, o que significa que 3 a cada 4 moradores têm carro -, Curitiba vive um dilema no trânsito. As ruas estão cada vez mais engarrafadas, porém uma adesão maciça à alternativa do transporte coletivo esbarra, segundo usuários, em uma série de problemas, como superlotação, atrasos e alto valor da tarifa.

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De 2007 para cá, a frota de veículos da capital paranaense cresceu 33,72%, o que representa quase 9 vezes o aumento populacional (3,78%), enquanto a média de passageiros transportada diariamente pela Rede Integrada de Transportes (RIT) encolheu 1,67%. Hoje a cidade tem 1,385 milhão de automóveis, 1,864 milhão de habitantes e 2,270 milhões de usuários/dia na RIT. Só que esse número já chegou a 2,359 milhões em 2008.

Diante desse cenário, o que fazer para o transporte público de Curitiba atrair mais usuários e, por consequência, desafogar o trânsito? Em entrevista exclusiva à Tribuna, publicada no último dia 9 de setembro, a secretária municipal de trânsito, Luiza Simonetti, disse que é preciso realizar uma mudança cultural profunda para fazer o cidadão utilizar com maior frequência o sistema de transporte público de Curitiba.

“Não posso falar pro cidadão que mora lá no Cachoeira não comprar um carro, já que ele sempre andou de ônibus e pode agora andar de carro. O carro traz as sensações aos motoristas de segurança, conforto e status social. Então não podemos sair falando por aí pra população não comprar mais carros e usar transporte público. É uma relação muito mais profunda. É um desafio. Nosso desafio é internalizar nos cidadãos que o transporte público gera benefícios pra toda cidade. É um processo de internalização e de educação”, declarou.

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Consciência

O presidente da Urbanização de Curitiba S/A (Urbs), Roberto Gregório, adota o mesmo discurso. Ele afirma que o primeiro passo para que o transporte público da capital seja mais utilizado pela população é a conscientização. “O transporte público é uma solução sustentável do ponto de vista ambiental, energético e econômico. Para se transportar mil pessoas é preciso 250 carros. Esse mesmo número de pessoas é transportado por apenas três biarticulados. É esse tipo de informação que o cidadão tem que ter em mãos para tomar decisão entre carro ou ônibus”, cita.

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Gregório também destaca que apesar de Curitiba contar com a maior relação veículo por habitante do país, quase metade da população da capital utiliza o sistema de transporte público. “A frota de ônibus corresponde a 2% do número de veículos da cidade. Além disso, 45% dos deslocamentos de pessoas aqui na capital são feitos de ônibus. Recentemente fizemos uma pesquisa com 1.300 usuários do sistema integrado de transporte. Esse levantamento mostrou que 60% desses usuários possuem carro, mas preferem usar o ônibus. Esse é um número que nos anima”, afirma.