A associação é exclusiva para a diversão dos moradores. Com R$ 7 reais mensais, o associado ainda ganha o direito a um churrasco no primeiro sábado de cada mês. E hoje com uma modesta sede própria, os aposentados aproveitam as tardes para conversar, jogar truco e jogo da malha (lançamento de discos de metal em direção a um pino).
Memso com a conquista do espaço, eles ainda não estão satisfeitos e querem atrair mais mulheres a participarem da recreação. A construção de uma quadra de bocha é outro objetivo. “As mulheres só não vêm mais porque não tem banheiro feminino, temos de ficar emprestando dos vizinhos. Nem festa para o Dia das Mães pudemos fazer para elas”, reclama o associado Pedro Reginaldo da Costa, 60 anos, que espera que a prefeitura construa os banheiros e a cozinha até março.
Mas não é apenas a diversão que une os aposentados. A amizade e a solidariedade são dois pontos de destaque no grupo. Ninguém que esteja passando por alguma necessidade é deixado sozinho. Muitas vezes, eles tiram do próprio bolso para contribuir com os amigos. “Ajudamos a conseguir cestas básicas, remédios e o que a pessoa estiver precisando. Sempre ajudamos todos aqui e, se for preciso, a associação usa o pouco do dinheirinho que tem para complementar”, explica o primeiro-secretário, Valdir Cardoso, 63.
E é preciso ter boa conduta para seguir no grupo. Bebidas, só em dia de churrasco – que serve para ajudar a associação a arrecadar fundos que custeiam água, luz e uma reserva para emergências e necessidades dos associados. Se não tiver condições de pagar a mensalidade simbólica, o associado não terá problemas para frequentar o espaço, porém qualquer desrespeito ao código de conduta pode significar a expulsão.
“Nunca tivemos briga ou problemas aqui. Mas temos um limite, tem que seguir a conduta ou então tiramos da associação. Já fizemos isso, talvez por este motivo não temos problemas. Todos respeitam”, conta o aposentado Gregório Emiliano da Silva, 62 anos.
Marco André Lima |
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Vicente: ficar em casa para quê? |
Segunda casa
A Associação de Moradores Esporte e Lazer do Bairro Novo B virou a segunda casa de Vicente Cordeiro, de 89 anos. Viúvo e pai de 11 filhos, ele passava os dias sozinhos até que entrou na campanha para construir a associação. É o frequentador mais velho do espaço e não o utiliza apenas para jogar. A associação hoje é sinônimo de companhia e felicidade para Vicente. “É melhor vir aqui a ficar em casa dormindo. Aqui posso conversar com eles, jogar. Não consigo ficar em casa”, diz o aposentado.
Vicente mora com um dos filhos, mas apenas no mesmo terreno, não dividindo a mesma casa. A solidão é interrompida pelas idas à sede da associação, o que lhe dá mais vitalidade. “Eu não tenho com quem conversar em casa, gosto de vir aqui e ficar com eles. Venho desde que a gente tinha só uma cobertura de ônibus. Ficar em [casa para quê?”, conta, saudoso, Vicente, que ajudou a criar a associação.