O prefeito Nedson Micheleti assinou decreto regulamentando a prática de tanatopraxia em Londrina. É a primeira vez que esse serviço ? que consiste na conservação e recuperação de cadáveres ? é oferecido na cidade. A Lei 9.064, de 28 de abril de 2003, estabelece que esse procedimento seja realizado sob orientação de médico legalmente habilitado e por pessoal técnico devidamente treinado. O decreto prevê ainda que o trabalho de tanatopraxia é de total e exclusiva responsabilidade da empresa que o oferecer, com a fiscalização da Administração de Cemitérios e Serviços Funerários (Acesf) de Londrina.
De acordo com o proprietário da empresa Tanatol ? que atua no ramo ?, Sebastião Dumon de Freitas, a tanatopraxia permite às famílias velar o morto com dignidade. “É possível conservar o cadáver por até dez dias”, explicou. A conservação é feita com a injeção de substâncias, como germicidas e corantes, no corpo, para evitar mau cheiro, vazamento de líquidos e manter a coloração natural da pele.
O decreto discrimina a tanatopraxia simples ? somente higienização e injeção de substâncias, com maquiagem e restauração ? e a tanatopraxia completa, que inclui também a somatorestauração, ou seja, restauração facial com suturas intradérmicas.
Na prática com maquiagem, o serviço inclui corte das unhas, arrumação dos cabelos, aplicação de creme de rosto e, caso a família queira, é feito o uso de pó compacto, base, batom e sombra. Na tanatopraxia com restauração é feita necromaquiagem ? recuperação das mãos e do rosto do cadáver.
Freitas explicou que nos casos de reconstituição das mãos e do rosto – que ficam mais evidentes no caixão ? são feitas suturas com pontos internos, colocação de cílios e unhas postiças e olhos de vidro. “A tanatopraxia é usada em corpos que seriam velados em caixões lacrados e em viagens internacionais”, disse.
Segundo o proprietário da Tanatol só existe um curso no Brasil que forma tanatopraxistas, ministrado por professores-doutores da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Botucatu, e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O serviço oferecido pela Tanatol é supervisionado pelo médico patologista Antônio Camata.