Foto: Divulgação/HC

Sueli Schuta, Odílson José Odia e a pequena Ana Maria Odia. Casal foi beneficiado pela técnica desenvolvida no HC.

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Às 9h43min, pesando 3,115 quilos e medindo 49 centímetros, nasceu de cesariana Ana Maria Odia, o primeiro bebê gerado pelo programa de fertilização in vitro do Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba. Ela é filha de Sueli Schuta, de 33 anos, e de Odílson José Odia, de 36.

?Antes de engravidar de Ana Maria, Sueli teve três gestações tubárias (quando a gravidez ocorre nas tubas e o bebê não vai para o útero). Na terceira, teve que ter as tubas retiradas e sua única esperança de ter um filho era a fertilização in vitro. Ela já fazia tratamento no HC e foi automaticamente encaminhada ao programa?, disse o médico responsável pelo programa, Karam Abou Saab.

As fertilizações in vitro realizadas no HC são feitas em parceria com o Centro Paranaense de Fertilização. Os casais submetidos à técnica arcam apenas com as despesas de medicamentos, em torno de R$ 200. Uma fertilização in vitro realizada de forma particular custa cerca de R$ 9 mil, sendo R$ 1.500 mil só em medicamentos. No HC, o diferencial é que as fertilizações são realizadas com o uso de uma quantidade menor de remédios, o que barateia os custos. ?Se não fosse o HC, não teríamos condições de arcar com as despesas de uma fertilização in vitro e teríamos perdido as esperanças de ter um filho. Minha mulher engravidou na primeira tentativa e hoje estamos muito felizes com o nascimento de nossa filha, uma menina saudável e muito desejada. Pensamos em ter mais filhos no futuro e então teremos que analisar a possibilidade de fazer outra fertilização?, comentou o pai de Ana Maria.

O programa do HC tem 1.205 casais cadastrados e 385 já foram entrevistados. Para participar, eles passam por um processo de seleção, onde são considerados estabilidade matrimonial, idade, escolaridade, existência de filhos do mesmo ou de outros relacionamentos, condições de saúde e psicológicas e situação sócio-econômica. Até agora, já foram iniciados 49 tratamentos, realizados 29 ciclos de fertilização in vitro, confirmadas dez gestações e ocorridos três abortos. Para este ano, estão agendadas 421 entrevistas.

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Porém, novas inscrições estão suspensas até que a triagem dos casais já inscritos seja concluída. ?Quinze por cento dos casais de todo o mundo enfrenta dificuldades para engravidar. No Brasil, eles são 2,1 milhões, e 500 mil só conseguirão uma gestação através de fertilização in vitro. Desses, 25 mil estão no Paraná. Do total de casos, 40% das dificuldades têm causas exclusivamente femininas, 30% masculinas, 20% do homem e da mulher e 10% têm causas desconhecidas?, declara Karam.

A fertilização in vitro consiste na retirada dos óvulos, fertilizando-os com os espermatozóides em laboratório. Após, os embriões obtidos são transferidos ao útero da mãe. As chances de sucesso do tratamento diminuem com o avançar da idade da mulher.

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Procura de voluntárias

O HC da Universidade Federal do Paraná está a procura de voluntárias que tenham o diagnóstico de ovários policísticos para participar de uma pesquisa. O objetivo é investigar quantas dessas mulheres apresentam depósito de gordura no fígado, além de alterações conhecidas como ?sindrome metabólica?, que corresponde ao nível alto de glicose ou diabetes, aumento de triglicerídios, aumento de pressão arterial e gordura na região do abdome.

A pesquisa será coordenada pelo médico Almir Urbanetz. Ele explica que a síndrome dos ovários policísticos é um desequilíbrio hormonal que atinge de 5% a 10% das mulheres em idade fértil. Estudos recentes mostraram que essas pacientes possuem resistência à ação da insulina, produzida pelo pâncreas, que então passa a gerar uma quantidade muito maior do hormônio. Isso favorecia o surgimento dos sintomas da síndrome metabólica, aumentando o risco de diabetes e doenças cardiovasculares graves. Dessa forma, o estudo vai poder aumentar a possibilidade de diagnóstico precoce para estas complicações. Podem participar da pesquisa mulheres com mais de 18 anos, que não estejam usando pílulas anticoncepcional ou meteformina nos últimos três meses. As interessadas podem ligar para (41) 3360-1800, ramal 7977, das 15h às 17h.