Neste mês de outubro o grupo de Narcóticos Anônimos (NA) está completando 18 anos de atuação no Paraná. A proposta do NA é semelhante à dos Alcoólicos Anônimos (AA) e consiste em grupos de mútua ajuda para adictos (dependentes de drogas), onde o único requisito exigido para participar é o desejo sincero de abandonar qualquer contato com as drogas. Só em Curitiba existem 15 grupos de NA em funcionamento, por onde passaram no último ano cerca de 40 mil pessoas. 

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O NA surgiu na década de 50 nos Estados Unidos e chegou ao Brasil 1985. Em todo o Paraná, já funcionam 50 grupos de NA, cujas sedes, em geral, são anexas a associações ou igrejas, apesar de não manterem qualquer vínculo religioso. De acordo com o coordenador do subcomitê de longo alcance dos Narcóticos Anônimos, Pedro (nome fictício) os grupos não possuem nenhuma ligação com médicos ou clínicas de recuperação. Eles são independentes e coordenados por membros mais antigos no programa. ?As reuniões são abertas onde os participantes fazem uma troca de experiências. E são através dessas conversas que os adictos se identificam com as histórias de vida muito semelhantes. Mas o mais importante, é que também conhecem histórias que mostram que é possível sair das drogas?, disse Pedro. Segundo ele, durante as reuniões e encontros da entidade não são passadas fórmulas mágicas de como virar o jogo, mas a identificação com o problema é que faz a diferença.

A base de todo o trabalho desenvolvido pelos Narcóticos Anônimos está em seguir dos 12 passos e 12 tradições – método baseado em Alcoólicos Anônimos – que são orientações universais, através das quais, se admite o problema e o desejo de mudar a situação. ?Na prática esse passos ajudam a se manter limpo, só por hoje, já que o ontem já passou e o amanhã ainda não veio. Por isso só por hoje é um programa para toda a vida?, disse Pedro. Segundo ele, a metodologia é igual para todos e funciona porque, em geral, as histórias são muito semelhantes.

Desde os sete anos Pedro já sabia os efeitos da maconha porque tinha um irmão viciado. Aos 13 anos ele já usava inalantes e começou a conviver com os mesmos amigos do irmão dependente. Com o tempo ele foi diversificando o uso de produtos e perdendo o controle da situação, e paralelo a tudo isso, perdendo família, emprego e amigos. ?Eu cheguei no programa com 25 anos, mas minha mentalidade era de alguém de 13 anos pois fazia coisas que não condiziam com a minha idade. E é essa a função da droga, faz a gente parar no tempo?, disse. Após 11 anos, Pedro conseguiu se recuperar totalmente, e hoje trabalha para ajudar outras pessoas a também mudarem de vida.

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Drogas chegam cada vez mais cedo

Uma constatação muito preocupante nos grupos de NA é a idade cada vez mais precoce dos membros do grupo. ?Eu entrei no grupo em 1996 e a idade média dos integrantes era de 25 a 35 anos. Hoje temos membros com 18 anos que já estão no grupo há seis anos, ou seja, vieram com 12 anos?, afirmou o coordenador do subcomitê de longo alcance do NA, Pedro.

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Ele atribuiu essa precocidade ao aumento da oferta e diversidade de produtos. ?Quando comecei, eu usava maconha, mas hoje existem muitos produtos que levam a dependência cada vez mais cedo.? Mas se por um lado o contato precoce acaba levando a busca pela recuperação também mais cedo, avalia, as conseqüências negativas das drogas também aparecem antes.

Hoje, cerca de 75% dos presos que cumprem pena nas penitenciárias da região de Curitiba, diz o coordenador dos NA, tiveram algum envolvimento com drogas. Por isso a organização está mudando a linguagem da metodologia, adequando ao perfil do público jovem.

Festa

O NA também realiza um programa de apoio para as famílias. Quem quiser mais informações pode ligar para (41) 3329-0005. O NA também estará fazendo uma festa para comemorar os 18 anos de atuação no Paraná, no dia 27 de outubro na Igreja São Cristóvão, em São José dos Pinhais. (RO)