Pelotão de plantão de feriado do Siate.

O dia de ontem foi de descanso e lazer para a grande maioria dos brasileiros. Muita gente, porém, teve que abrir mão de dormir até mais tarde, viajar ou mesmo assistir à uma sessão de cinema para cumprir com suas obrigações profissionais.

Como geralmente acontece, médicos, enfermeiros, jornalistas, recepcionistas de hotéis e motoristas de ônibus passaram o feriado trabalhando. Em Curitiba e no litoral, os postos do Corpo de Bombeiros eram os mais movimentados. Sem trégua, muitos bombeiros e socorristas passaram o feriado de plantão, atendendo as mais diversas ocorrências dentro da cidade e também nas estradas. “Isso já é bastante normal”, afirma o segundo-tenente Heitor Soster, há seis anos em atividade. “Para nós, não existe feriado nem final de semana. Quando um bombeiro entra na profissão, já deve estar preparado para abdicar de certos confortos e benefícios.”

Heitor conta que normalmente chega a ficar 25 horas seguidas no trabalho. Durante a noite, quando não há ocorrências, dorme nos alojamentos existentes dentro do quartel central. Porém, é só tocar o alarme de emergência que ele precisa acordar e sair correndo para novamente assumir suas funções. “Com o passar dos anos, a gente se acostuma com tudo. Porém, só consegue permanecer na profissão quem realmente gosta do que faz.”

Frustração

Já o socorrista Nelson Flauzino, há dez anos na profissão, conta que no início era um pouco frustrante ter que trabalhar no feriado. Agora, diz que já está habituado e não faz mais distinção entre uma segunda-feira comum e um dia de feriado. “Nem sei mais quando é ou não feriado. Para mim, todo dia é um dia normal”, afirma. “Há sete anos, passo o Reveillon trabalhando e já cheguei a passar duas noites de Natal em serviço, enquanto a minha família participava de uma ceia. Isso faz parte de minha profissão e não posso me queixar.”

Nos feriados, costumam ter muito acidentes de trânsito envolvendo viajantes e pessoas alcoolizadas. Nas estradas, as ocorrências costumam acontecer principalmente no início do feriado, quando as pessoas saem todas juntas para viajar, e no término, quando elas voltam para casa. Dentro da cidade, são mais comuns no final da tarde e na madrugada. Tanto Nelson quanto Heitor dizem que o esforço de trabalhar em dias de descanso vale à pena, quando uma vida é salva ou quando um acidente consegue ser evitado devido a trabalhos preventivos realizados diariamente. “Temos consciência de que nosso trabalho não pode parar”.

As famílias dos bombeiros acabam entrando no mesmo ritmo e também precisam se acostumar com a ausência do parente. Geralmente, esposa e filhos são os que sentem mais falta. Porém, de acordo com os profissionais, com o tempo também acabam entendendo a importância da profissão e aceitando.

Diariamente, nos postos do Corpo de Bombeiros de Curitiba, cerca de 120 pessoas ficam em atividades. Nos feriados, mais profissionais são deslocados para atender ocorrências no litoral.

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