Não há consenso sobre a troca das sacolas plásticas

A substituição das sacolas plásticas convencionais por modelos biodegradáveis ainda não é um consenso no Paraná. Três projetos semelhantes sobre o assunto tramitam na Assembléia Legislativa (AL). Em todas as iniciativas os deputados sugerem a adoção de sacolas oxibiodegradáveis, que têm em sua composição um aditivo que permite a decomposição do plástico em questão de meses. Por entender que o tema envolve interesses conflitantes, a Comissão de Indústria e Comércio da AL promoveu ontem uma audiência pública em Curitiba.

Entre os participantes da audiência estava o deputado estadual de São Paulo, Sebastião Almeida (PT), que é autor do Projeto de Lei 534/07 que prevê o uso de sacolas oxibiodegradáveis. Aprovado em plenário, o projeto aguarda apenas a sanção do governador paulista, José Serra. Almeida defende que, com o projeto, se pretende reduzir o impacto ambiental das sacolas convencionais, que além de durarem mais de 100 anos, acabam sendo um grande problema em aterros sanitários. ?A posição mais radical seria acabar com o plástico, como já fazem alguns países. Como isso é inviável, temos de criar mecanismos que reduzam esses impactos?, disse.

Mas para a gerente do grupo de meio ambiente do Centro de Tecnologia de Embalagens do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital) – instituição de pesquisa, desenvolvimento e assistência tecnológica do Estado de São Paulo -, Eloísa Garcia, é preciso tratar o assunto com cuidado, pois existe a ilusão que os produtos oxibiodegradáveis podem ser jogados no ambiente e o problema ambiental estaria resolvido. ?Ainda não se sabe que tipo de reações esses aditivos provocam?, explicou. Ela defende como alternativas sacolas mais resistentes, que possam ser reutilizadas e até o recolhimento desses produtos para a reciclagem.

Para a assessora técnica da Plastivida – entidade que representa a cadeia produtiva dos plásticos -, Sílvia Rolim os oxibiodegradáveis não são utilizados como solução para o meio ambiente em qualquer país no mundo. E acrescentou que a introdução não pode ser uma imposição via projeto de lei. ?Estudos comprovam que os aditivos promovem a fragmentação do plástico, que irá continuar poluindo o meio ambiente?, contou.

Já a coordenadora do Centro de Pesquisas e Inovação Tecnológica da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) que é patrocinado pela Braskem, maior empresa petroquímica da América Latina, Kelly Bruch, garante que possuem estudos que comprovam problemas com resíduos das sacolas oxi, além da liberação de metais pesados, como cobalto, manganês e zinco. ?O ideal seria colocar como aditivos microorganismos?, ponderou. 

Polêmica não passa de interesse econômico

O termo oxibiodegradável quer dizer que a ação do aditivo colocado durante o processo de fabricação faz com que a sacola plástica se degrade em 18 meses, desde que exposta a fatores como incidência solar, calor e umidade. Para o diretor-superintendente da RES Brasil, que é quem lidera a importação de aditivos no Brasil, Eduardo von Roost, toda essa polêmica que vem sendo criada não passa de defesa de interesses comerciais de petroquímicas, que estariam sofrendo com a ameaça de substituição dos plásticos.

?Isso não passa de uma briga de interesses econômicos?, afirmou, alegando que a tecnologia já é utilizada em todo o mundo. ?Quem vai escolher é a sociedade?, completou. O produto utilizado pela empresa, que tem sede no interior de São Paulo, é importado da Inglaterra. Nos próximos dias, adiantou Roost, a produção também será feita na América Latina. Ele não quis adiantar em que país a produção será centralizada, mas confirmou que Brasil e Argentina são os maiores consumidores latino-americanos do produto.

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