Uma ideia, que nasceu numa conversa entre alguns moradores do Jardim Xapinhal, no Sítio Cercado, acabou criando um dos poucos espaços que conta a história de um bairro de periferia da capital paranaense. O Museu da Periferia, localizado na Rua Francisco José Lobo, na Associação de Moradores do Xapinhal, reconta, através de fotos e objetos antigos, a história de toda a região do Sítio Cercado e suas vilas.

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São mais de 100 fotos que registram como viviam as primeiras famílias nas fazendas da região, no início do século passado, e a chegada dos primeiros moradores, já no final da década de 80. “Quisemos de alguma forma resgatar um pouco da história de toda essa região e das primeiras vilas do local. É importante manter nossas raízes vivas”, conta Geraldo Batista de Souza, presidente da Associação de Moradores do Xapinhal.

Apesar de o museu ter uma sede, a exposição é itinerante. A cada mês, parte das fotos e dos objetos é levada a escolas para que os alunos tenham acesso à história do bairro onde moram. “Muitas pessoas não sabem nada sobre o local onde moram, então queremos que essas crianças tenham acesso à história do bairro e assim vamos mantendo a história da região viva”, comenta Geraldo.  

A exposição mostra imagens dos desbravadores da região e das famílias que habitavam toda a área no início do século passado. Como é o caso da família Ferreira da Cruz, que era proprietária da Fazenda Cercado, que deu nome ao bairro. A propriedade servia com posto de parada dos tropeiros, que aproveitavam o local para descansar e colocar o gado para se alimentar no enorme pasto da área. Hoje, uma das principais vias do Sítio Cercado, a Rua Izaac Ferreira da Cruz homenageia um dos herdeiros da Fazenda Cercado.

Xapinhal?

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Num segundo momento, a exposição mostra imagens do final dos anos 80, quando mais de 3.200 famílias começaram a chegar ao local, vindas de bairros vizinhos, como Xaxim, Pinheirinho e Alto Boqueirão. Aliás, as iniciais desses três bairros batizaram a região onde está localizado o museu: o Xapinhal. “Tudo aqui é fruto de invasão.

Infelizmente as políticas habitacionais não deram conta da demanda e foi necessário esse processo. Pra ter ideia, já faz quase 25 anos e quase ninguém aqui tem o registro legal do imóvel”, conta José Paiva, fotógrafo e colaborador do museu.

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Apesar de ser itinerante e contar com uma estrutura pequena, o Museu da Periferia está registrado no Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), ligado ao Ministério da Cultura. “Recebemos alguma ajuda, mas queríamos ter mais segurança em relação ao acervo. Isso podia estar num lugar maior e com mais estrutura, sob os olhos da prefeitura. Mas por enquanto, vamos fazendo o que dá”, desabafa Geraldo.

Allan Costa Pinto
Região começou a ser ocupada no final da década de 80.

Veja na galeria de fotos e vídeo o museu.