O governador Roberto Requião acumula hoje multa de R$ 10 mil por conta da não-desocupação total da fazenda da multinacional Syngenta, em Santa Tereza do Oeste, mas, provavelmente, terá de pagar até o dobro disso. O motivo é que, ontem, o oficial de justiça da 1.ª Vara Cível de Cascavel esteve pela manhã na fazenda para conferir a saída dos integrantes da Via Campesina do local e constatou que muitos ainda permanecem nas terras. Os sem terra teriam manifestado novamente que a retirada total das famílias deve acontecer somente entre amanhã e quarta-feira – neste caso, uma semana após o prazo final dado ao governo para a desocupação.
Em vista da não-aceitação pelo juiz Fabrício Mussi do recurso interposto pela Procuradoria Geral do Estado (PGE) e pela Via Campesina de estender o prazo e suspender a multa, o valor continua correndo e deve ser pago pelo governador à Justiça. O magistrado entendeu que as famílias tiveram tempo suficiente para se retirar do local e afirmou ainda que a Syngenta sequer teve tempo para retomar a área. ?Agora, só mesmo se o Tribunal de Justiça suspender a multa?, disse um dos advogados da multinacional, José Roberto Trautwein, ao ser informado pelo próprio oficial de justiça da decisão. No TJ, correm outros três recursos pedindo a suspensão da liminar que garante a posse das terras à Syngenta e, consequentemente, a isenção do ônus ao governador.
Marcha
Ontem pela manhã, integrantes de diversos movimentos sem terra participaram de uma marcha como encerramento das programações da 6.ª Jornada de Agroecologia, realizada em Cascavel. Eles andaram do trevo de Santa Tereza do Oeste, na PR-163, até o assentamento Olga Benário para onde os integrantes da Via Campesina estão transferindo o acampamento, até então mantido na fazenda da Syngenta. O local é vizinho à fazenda.
Apesar de rumores de ameaça à marcha por parte de ruralistas terem sido anunciados à véspera da manifestação, os sem terra caminharam até o assentamento sem incidentes, escoltados pela Polícia.
