Desacompanhadas, as mulheres costumam ser o alvo preferido de bandidos em semáforos, pontos de ônibus, bancos de praças e outros locais públicos. Muitas, cansadas de serem vistas como o “sexo frágil”, estão buscando alternativas de defesa pessoal. As academias de artes marciais, antigamente consideradas redutos masculinos, andam repletas de moças e mesmo senhoras aprendendo técnicas de chute, soco, joelhadas e cotoveladas.
“É a violência urbana que está fazendo com que as mulheres busquem aprender técnicas de defesa pessoal, como Muay Thai, Jiu Jitsu e MMA (modalidade que mistura procedimentos de Muay Thai e Jiu Jitsu)”, comenta o proprietário da academia de artes marciais Chute Boxe, de Curitiba, Sérgio Cunha.
Segundo ele, as mulheres não querem se sentir tão desprotegidas e em desvantagem diante, por exemplo, de adolescentes que tentem levar suas bolsas ou celulares. Ele afirma que existem diversas técnicas que podem ser utilizadas em uma situação de emergência, desde que o agressor não esteja armado. “Uma mulher pode, por exemplo, utilizar um soco ou um chute para se livrar de um rapaz que esteja querendo levar sua bolsa. Ela não vai partir para a briga com o agressor, mas sim utilizar a técnica para neutralizar a pessoa por alguns instantes, se desvencilhar da situação e buscar ajuda”, diz Sérgio. “Porém, sempre aconselhamos as mulheres a ficarem atentas, avaliarem bem a situação e em hipótese alguma reagirem se o agressor estiver armado”.
Aprendizes
A estudante Viviane Pimentel, 20 anos, está aprendendo Muay Thai. Ela conta que, além de condicionamento físico, quer aprender a se defender em determinadas situações de assalto e agressões físicas. “As mulheres são os alvos prediletos dos assaltantes, mas nem todas se encaixam no perfil de sexo frágil”, comenta.
A secretária Francielly Pamplona, de 18 anos, também está aprendendo técnicas de defesa. Ela conta que, há algumas semanas, utilizou os ensinamentos para evitar que seu celular fosse levado por um menino de rua. Ela não agrediu fisicamente o garoto, mas, ao ter certeza que ele não estava armado, teve mais coragem para evitar o roubo. “Gritei com ele e não deixei que levasse o celular. Não cheguei a reagir, mas se fosse preciso teria feito”, diz.
