Mudança social afasta os jovens da vida religiosa

As mudanças sociais e culturais vêm contribuindo para afastar os jovens da vida religiosa. Quem busca essa opção, geralmente ingressa mais tarde, e além da dedicação aos ensinamentos, procura se profissionalizar para concorrer no mercado. A igreja não admite que a carreira esteja ameaçada de extinção, no entanto assume que vem fazendo trabalhos vocacionais nas comunidades para despertar o interesse nos jovens.

De acordo com a freira e psicóloga Ivana Fátima Migueli , essa diminuição no interesse pela carreira dentro da igreja está intimamente ligada à mudança da sociedade. “Antes as famílias tinham muitos filhos e a conquista do estudo estava relacionada à vida religiosa. Hoje isso mudou, e existem muitos atrativos presentes na mídia, e os que optam por essa vida são muito mais selecionados”, disse, ressalvando que os que são chamados por Deus respondem positivamente e perseveram na carreira. Irmã Ivana não acredita que o surgimento de várias religiões também tenha influência nesse cenário.

O perfil do jovem, hoje, é outro. “Geralmente são pessoas vindas do interior ou de periferias, na grande maioria das regiões Norte e Nordeste do Brasil”, contou Ivana. O ingresso está acontecendo cada vez mais tarde, entre vinte e trinta anos. Foi o caso de Leandro Santos, de Nova Venícia (ES), que desde criança tinha interesse em seguir a vida religiosa. Mesmo com uma criação católica, gostava da maneira espontânea e fervorosa com que outras religiões manifestavam a fé. Depois de assistir a uma apresentação do padre Marcelo Rossi, que reuniu mais de 30 mil pessoas, Leandro descobriu que poderia unir o que admirava na igreja com o louvor. Com 28 anos deixou a namorada e o emprego de gerente numa loja de autopeças para se dedicar “a religião. Hoje, com 32 anos, tem certeza que fez a escolha certa.

Diferencial

Outra novidade entre os religiosos tem sido a profissionalização. Irmã Ivana comenta que, ao contrário de antigamente, não basta ser apenas religiosa para trabalhar em hospitais ou escolas, é preciso ter uma graduação. “A preparação é necessária, pois antes as doações eram suficientes para o sustento, hoje não”, diz. Para o padre Ronaldo Mazula essas mudanças tem ocorrido dentro da igreja desde o seu surgimento. “Elas sempre aconteceram, porém o que não muda é o sentido de dedicação à Deus e aos mais necessitados”, disse.

E esse sentido de luta pela minoria que atraiu, há sete anos, Edivaldo Leandro Fernandes, morador de Campestre (MG). “Eu ajudava minha família na roça e via muita exploração de trabalho infantil. Eu não me conformava com essa realidade e queria fazer alguma coisa por essas pessoas desacreditadas”, disse. Já para a irmã Maria do Socorro de Oliveira Vieira, do Maranhão, o grande desafio de quem opta por essa vida é lutar contra as injustiças. A recompensa pelo trabalho, diz Dalva Oliveira Primo, de Figueirópolis do Oeste (MT) vem da gratificação das pessoas que recebem a ajuda, e principalmente, de Deus.

E se tornar um religioso também é considerado por alguns jovens como uma forma de protesto. “Não contra a família, mas contra uma sociedade que precisa ser desafiada a assumir o seu compromisso perante os excluídos”, diz Dalva. Ela tem o apoio da irmã Raquel de Fátima Colet, de São Lourenço do Oeste (SC). Segundo ela, para muitas pessoas, os religiosos são considerados um “escândalo” ? pela opção de vida que fizeram ?, mas para ela, tudo não passa de um desafio. “Desistimos de tudo para ser um tudo”, definiu. E diante de todas essas mudanças ? impostas e circunstanciais ?, diz irmã Ivana, os princípios básicos da vida religiosa, que são a castidade, pobreza e obediência não mudarão, pelo menos, a curto prazo.

Carismáticos reúnem 8 mil

Cerca de oito mil pessoas participaram ontem, em Curitiba, do encontro Reinflama o Carisma que Está em Ti, da Renovação Carismática Católica. As orações e reflexões começaram às 8h da manhã e prosseguiram até às 20h. O movimento carismático surgiu nos EUA. No Paraná, chegou na década de 1970. Desde então vem arrebanhando gente e hoje em quase todas as paróquias de Curitiba e Região Metropolitana há grupos carismáticos.

Este é o quarto evento de grande porte realizado este ano e reúne fiéis não só do Paraná como de outros estados. Os padres que estão conduzindo as orações são de cidade de Cachoeira Paulista (SP), da Comunidade Canção Nova, que evangeliza pelos meios de comunicação. O evento, realizado no Marumbi Expo-Center, continua hoje.

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