A maior comunidade muçulmana do Paraná comemorou, ontem, o fim do Ramadã – mês sagrado de jejum e meditação – com um café da manhã farto de fé e alimento, em Foz do Iguaçu. Depois de trinta dias adotando restrições alimentares e sexuais, e praticando obras de caridade e oração, pelo menos um terço dos quinze mil muçulmanos que vivem na cidade participou da festa de encerramento, em dois locais diferentes. Para os muçulmanos, o Ramadã permite lembrar dos necessitados e purificar alma e corpo, com vistas ao Paraíso depois da morte.
Na mesquita islâmica de Foz, onde houve a comemoração que reuniu maior número de muçulmanos – cerca de três mil – as atividades começaram antes do amanhecer, com oração seguida de um sermão proferido pelo xeque Taleb Jomha. ?Depois toda a colônia foi convidada para o café da manhã. Foi uma festa de muita alegria e confraternização?, conta o presidente do Centro Cultural Beneficente Islâmico de Foz do Iguaçu, Zaki Moussa.
Moussa explica que o jejum de comida e bebida, do nascer ao pôr-do-sol, adotado pelos muçulmanos durante esse mês é um verdadeiro teste, mas que redunda em libertação e conscientização. ?Sentimos fome e lembramos dos fracos, dos necessitados. Também fazemos a purificação do corpo físico, impondo o controle da alma sobre o corpo.? Para quem cumpre as restrições do Ramadã – tanto as alimentares quanto sexuais durante o período de jejum – a promessa é o Paraíso após a morte.
O presidente do centro cultural lembra que os muçulmanos também adotam outras medidas para cumprir a data sagrada. ?A pessoa não pode cometer pecados. Não que geralmente possa, mas durante o Ramadã isso é mais vigoroso. Nos cuidamos para não cair em armadilhas que satanás pode arrumar, ficando mais perto de Deus?, detalha, explicando que as práticas implicam em renúncia do material, auxiliando a meditação e aumentando a freqüência nas mesquitas para oração.
Para Moussa, a colônia muçulmana de Foz tem grande influência sobre o Estado, pela história da imigração libanesa no local, que se iniciou há 55 anos, e se deu em diferentes etapas. ?A vinda de novos imigrantes em certos períodos ajudou a reavivar as tradições, deixando a comunidade mais ativa. Além disso, hoje é mais fácil visitar os parentes no Líbano e os meios de comunicação melhoraram essa ligação. É motivo para que a gente conviva mais com nossas tradições?, acredita.
Curitiba
Após trinta dias de jejum, os muçulmanos de Curitiba também se reuniram ontem, na mesquita que fica no bairro São Francisco, para fazerem juntos a primeira refeição após Ramadã. Para o xeque Mohammed Khalil, a data é plena de significado para os que a seguem. ?O homem pode ter auto-controle e energia nos outros meses e no outro ano. Hoje, primeiro dia do décimo mês, se rompe o jejum. O muçulmano cumpriu uma obrigação essencial do islamismo. O Ramadã é a época em que o muçulmano – tanto em corpo quanto em espírito – fica longe do materialismo e mais próximo de Deus?, explica Khalil. Além de um significado espiritual, o xeque garante que o jejum faz muito bem para a saúde. ?O corpo está dando um descanso ao estômago?, afirma.
